In 2006 I went to Thailand to what would be a magical trip. I rode elephants, visited golden temples full of Buddhist monks dressed in oranges robes, and toured the coastal villages in the south of the country that had been swept away by the unrelenting waves of the tsunami. However, nothing caused a deeper impression on me than the image of a girl with the saddest smile in the world. I never got to learn her name. In fact, we didn’t exchange one single word. She didn’t speak English and I didn’t speak Thai. Besides, what could I say to a girl who lived in an isolated village in the north of Thailand, on the border with Burma, who was one of the few remainders of the Long Neck Tribe?
For centuries the women of these tribes have worn ornamental brass rings around their necks. They add one ring at a time, with the objective of stretching their necks. The reasons why they do this got lost in time. But it is said that they take the rings off only on their weeding night because their muscles can no longer support the neck alone.
The village where the girl lived was very poor. Chickens and dogs walked about sharing the terrain with women and children dressed in vibrant colors. Their huts were covered with straws and formed a meandering line that went all the way to the forest. Some of the women washed their necks and shoulders outside the huts, getting water from a barrel, still wearing their colorful clothes wrapped around themselves.
The girl who caught my attention had her hair covered in the typical way of the northern Thai tribes and also wore the brass rings. But she had eye shadows and, over her traditional white blouse, she had a jeans jacket. Part of her lived in the past century while the other part yearned to be in the modern times. The traditions of the past seemed to be suffocating her with the heavy brass rings but still she was there, posing for tourist photos, with the saddest smile in the world.
The Thai girl made me think about the weight that we all carry on us and sometimes makes us behave in ways that we wouldn’t if we weren’t following someone else’s expectations. How often do we feel like throwing everything away, everything that we learned, everything that is expected of us, and just going about life totally free, doing exactly what we want? How many times do we refrain ourselves so we don’t shock our parents, our kids, our neighbors, the people at work? Like the girl, who will not be able to support her neck by itself anymore if she waits too long to get rid of the brass rings, we too might end up losing the desire to fulfill our dreams if we take too long to discover what we really want and fight for it. So, before we seat there, posing for family pictures with the saddest smile on our faces, maybe it is time for us to shout: That is enough! Today is my day!
O SORRISO MAIS TRISTE DO MUNDO
Em 2006 fui para a Tailândia para o que acabaria sendo uma viagem mágica. Andei de elefantes, visitei templos dourados com monges budistas vestidos com robes laranjas, visitei as cidadezinhas nas praias no sul do país que haviam sido destruídas pelas ondas implacáveis do tsunami. No entanto, nada me impressionou tanto quanto uma menina que parecia ter o sorriso mais triste do mundo. Nunca cheguei a saber o nome dela. Na verdade, nós não trocamos uma só palavra. Ela não falava inglês e eu não falava tailandês. Além disso, o que eu poderia dizer para uma menina que morava em uma aldeia isolada no norte da Tailândia, na fronteira com Myanmar, e que era uma das poucas remanescentes de uma tribo conhecida como a tribo das mulheres girafas?
Por séculos as mulheres dessas tribos têm usado anéis de bronze em torno de seus pescoços. Acrescentam um anel de cada vez, com o objetivo de esticar seus pescoços. As razões pelas quais fazem isso perderam-se no tempo. Dizem que as mulheres só tiram os anéis na noite de núpcias porque seus músculos já não conseguem sustentar o pescoço.
A aldeia onde a menina morava era muito pobre. Galinhas e cachorros andavam soltos pelas ruas, dividindo o terreno com mulheres e crianças vestidas com roupas de cores bem fortes. Os barracos eram cobertos com palhas e formavam uma linha tortuosa que se estendia até à floresta. Algumas das mulheres lavavam os pescoços e ombros atrás dos barracos, tirando água de um barril e ainda vestindo os sáris coloridos amarrados em torno do corpo.
A menina que me chamou a atenção tinha os cabelos cobertos na forma típica do norte da Tailândia e também usava os anéis de cobre em volta do pescoço. Mas ela tinha passado sombra nos olhos e, sobre a blusa branca tradicional, usava uma jaqueta jeans. Parte dela vivia no século passado, enquanto a outra parte sonhava com os tempos modernos. As tradições do passado pareciam sufocá-la com o metal pesado dos anéis, mas ela ainda estava lá, posando para as fotos dos turistas, com o sorriso mais triste do mundo.
A menina tailandesa me fez pensar sobre o peso que todos nós carregamos e que por vezes nos faz agir de uma maneira como não agiríamos se não estivéssemos tão preocupadas com as expectativas dos outros. Quantas vezes não temos vontade de jogar pro alto tudo que aprendemos, tudo o que é esperado de nós, e sair pela vida livremente, fazendo exatamente aquilo que queremos? Quantas vezes nos reprimimos para não chocar nossos pais, nossos filhos, nossos vizinhos, as pessoas do trabalho? Tal como a menina, que não será capaz de sustentar o pescoço por si mesmo se esperar muito tempo para se livrar dos anéis de bronze, nós também podemos acabar perdendo a coragem de realizar os nossos sonhos se esperarmos muito tempo. Portanto, antes que a gente fique posando para fotos de família com o sorriso mais triste no rosto, talvez seja hora de gritar: Chega! Agora é minha vez!
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