Tuesday, May 5, 2009

The Horsemen (Os Cavaleiros)


First we were told that there would be 300 of them; then, the number changed to 100. When we finally got to see the horsemen there were about 80 - men, women, young and old people, even babies in their mothers’ arms riding all kinds of horses. They had left the morning before from Nobres, a small town in the west of Brazil, and set camp for the night in the middle of a plateau. The following morning they had continued their journey and by nightfall they would be arriving at the town of Bom Jardim to participate in a big party with lots of dancing and drinks.

I was traveling with my children, my sister and my aunt through a remote part of Brazil. In the afternoon, at the hotel-farm where we were staying, we had heard about the horsemen and hurried to the dirty road close to the farm to watch they pass by. For a minute I forgot that I was 55 years old and climbed on the roof of the Land Rover to follow the unusual parade. Some of the men took control of their horses with one hand leaving the other free to hold a beer can. Others made a point of dressing their horses with silvery ornaments. Others yet bragged about the competitions in which they had taken part and gotten first place on account of being the best to lasso a bull. The journey had been long and tiring but the horsemen seemed happy.

What had made these people decide to participate in a 2 days ride from which they would certain leave with their butts and legs hurting? Looking at their faces tanned by the sun I tried to picture their lives. They had come from small towns surrounded by farms full of cows grazing freely on the fields. Weekends, during the day, they could enjoy a barbecue with their friends or go to a creek to swim surrounded by golden fish. In the evenings they could sit at the patios in their hammocks and tell stories. If the lights went out, some candles would appear out of nowhere and the stories would continue undisturbed by this small inconvenience.

And how about life in Newtown, US, where I lived? On the weekends, during the days, people would be going to malls, to movies, to the park, to a concert, running to so many different places. In the evenings, the TV would be on and more than 100 channels would present choices so difficult to make. The Internet would be connecting people and bringing news from many countries making it impossible for someone to log off, afraid of missing the last tragedy of the world.

Aside the miles and miles that separated my home in the US from the homes of the horsemen, so many other things set us apart. Which style of life would be more interesting? For me, the life of the horsemen seemed intriguing. For them, the life in America would hold an irresistible appeal. But would one style of life be better than another? Thinking of the nights so full of stars in the west of Brazil I could only conclude that life is full of mysteries and that we won’t ever be able to decipher all of them.


OS CAVALEIROS


Primeiro ouvimos dizer que eles seriam 300. Depois o número mudou para 100. Quando finalmente vimos os cavaleiros, havia cerca de 80 - homens, mulheres, jovens e idosos, até bebês com as mães, todos montando vários tipos de cavalos. Eles tinham saído de manhã de Nobres, uma cidade pequena no oeste do Brasil, e tinham acampado de noite num planalto. De manhã, continuaram a viagem e, de noite, estavam planejando chegar na cidade de Bom Jardim para participar de uma festança com muita dança e bebidas.

Eu estava viajando com minhas filhas, minha irmã e minha tia por uma região remota do Brasil. De tarde, no hotel-fazenda onde nos hospedávamos, tínhamos ouvido falar sobre a cavalgada e fomos rápido pra estrada de terra perto da fazenda por onde ela passaria. Por um minuto até me esqueci de que eu era uma mulher de 55 anos e subi no teto do Land Rover pra assistir àquela parada tão diferente. Alguns dos homens seguravam as rédeas dos cavalos só com uma das mãos, deixando a outra livre para poder segurar uma lata de cerveja. Outros tinham feito questão de enfeitar seus cavalos com selas e outros ornamentos prateados. Outros ainda contavam papo sobre as competições em que tinham tomado parte e ganho primeiro lugar por causa das suas habilidades em laçar um touro. A viagem tinha sido longa e cansativa, mas os cavaleiros pareciam felizes.

O que tinha levado essas pessoas a resolver participar de uma cavalgada de 2 dias, da qual com certeza sairiam com dor nos quadris e nas pernas? Enquanto olhava pra aqueles rostos curtidos pelo sol, comecei a imaginar a vida daquelas pessoas. Na certa eles tinham vindo de cidades pequenas cercadas por fazendas cheias de gado pastando livremente nos campos. Nos fins de semana, durante o dia, faziam um churrasco com os amigos ou iam nadar num rio cheio de peixes dourados. À noite sentavam-se nas varandas, nas cadeiras espreguiçadeiras, e contavam histórias. Se as luzes se apagassem, algumas velas apareceriam de repente de algum lugar e as histórias continuariam, sem se perturbarem com esse pequeno contratempo.

E a vida em Newtown, nos Estados Unidos, onde eu morava? Nos fins de semana, durante o dia, as pessoas iam para os shoppings, ao cinema, ao parque, a concertos, correndo de um lugar para outro. À noite, a televisão estava ligada e com tantos canais disponíveis que era quase impossível escolher entre eles. A Internet mostrava notícias de quase todos os países numa rapidez incrível, deixando todo mundo com medo de desligar o computador, para não perder a última tragédia do mundo.

Além dos quilômetros e quilômetros que separavam minha casa nos Estados Unidos das casas dos cavaleiros, tantas outras coisas mais nos diferenciavam. Que estilo de vida seria mais interessante? Para mim, a vida dos cavaleiros parecia intrigante. Para eles, a vida na América na certa teria um apelo irresistível. Mas será que um estilo de vida seria melhor do que outro? Lembrando-me das noites tão estreladas na região do centro-oeste do Brasil, a única conclusão a que cheguei é de que a vida é cheia de mistérios e não conseguiremos nunca decifrar todos eles.

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