Saturday, April 9, 2022

WRINKLES OF LIFE

 

One day, before my 40th birthday, my middle daughter asked me: “do you feel younger when you smile?” Last week, my granddaughter asked me: “did you ever think you would be old like you are now?” I guess I didn’t smile enough and old age sneaked up on me when I wasn’t paying attention. I got old. Pretty soon will be my 68th birthday. The signs of age are all here and I am not in denial.

Every day, when I wake up, my body hurts. When I do yoga, I find it hard to believe how some movements that I could perfectly do ten years ago are now so hard to master. And it is not only my body that changed. My memory is not the same. I don’t look forward to going to my annual medical exam when the doctor says a few words and asks me to remember what they are, at the end of the appointment. I don’t have a twitter account or follow stuff on TikTok. I prefer to go out to dinner around 5:30pm when restaurants are not crowded. Clothes are not so important for me anymore. My friends are the same from years and years ago. I am not interested in Will Smith’s drama because I am sure it will be replaced pretty soon with a different one. I have wrinkles. So what? I treasure silence and don’t like superficiality. Many times, I prefer my own company than that of others. But I am afraid to voice these thoughts because people might say: this woman is so depressed. 68 years old is young. What is she talking about?

This week, I was looking in an old drawer and found a newspaper article that my mother had sent me when she was in her early 70ths. It was about old age and encouraged the reader to age with dignity. It talked about not getting offended if someone younger were to take your place because old age was a time for acceptance, to recognize that there were other ways to contribute to society and let the young take the lead. I look around me and see a few people following this guidance and aging with dignity. I also see many running against time, trying to pretend they are someone who they are not anymore. They are dancing with younger folks, drinks in hand, avoiding listening to their bodies that complain loudly, the same way they never listened to the voices that told them there are things more important than appearance and that perhaps, only perhaps, old age could be a time for reflection.

I admire the way my brother-in-law is aging. He goes for long walks in his neighborhood, slowly and steady, stopping to admire flowers and birds, or to talk with the people he already knows from these daily walks. He is more dedicated to his family, became a vegetarian, and meditates about the meaning of age. He became more Zen, setting aside the rush of the world, looking for peace. Another friend of mine also prefers to concentrate on a simple life, enjoying her Japanese garden, always feeling immensely grateful for all the goodness of her life. They are not apart from the world. They are just living in contemplation of beauty, in touch with their inner selves.

As we age, I feel that it is possible to find a balance between living an active life, enjoying yourself after many years of hard work, and stopping to smell the flowers. There is still lots of things to discover, many places to travel, subjects to study. But we can also do all of this at a slow pace, following our own rhythm. Recently, my husband and I spent two weeks traveling through Portugal. We went to many towns, had wonderful experiences, and in each place, we took the time to sit at a café, relax, listen to the conversations around us, or just observe the Portuguese way of life. In Belmonte, holding hands and strolling on a tranquil street, I said good afternoon to a very old lady looking at us from the window of her house. She said good afternoon as well and wished we enjoyed our walk. Later on, we saw some men playing bocce on the street, as if time didn’t exist. We stopped to enjoy countless sunsets, had wonderful meals, and, hand in hand, discovered a beautiful country.

We came back thinking about our next adventure. I would like to travel to Laos, where the touristic places are not so crowded and where, like people used to say, you can just sit, relax, and watch the grass grow. I can leave scuba diving, water kitesurfing and other dangerous sports to my daughters, who certainly would enjoy these experiences. I already have my colorful Thai hat that I got in an adventurous trip to Thailand, about 17 years ago. Now, I want to have meaningful experiences that will touch my soul, preparing me for the time when I go meet my Creator, like the Native Americans like to say. I ponder what I will see when I get there and try to prepare myself for that unavoidable trip. Yes, I am getting old. Hopefully I am getting wiser as well.

 

AS RUGAS DA VIDA

 

Belmonte, Portugal

Um dia, antes do meu aniversário de 40 anos, minha filha do meio me perguntou: “você se sente mais jovem quando sorri?” Na semana passada, minha neta me perguntou: “você jamais pensou que seria velha como é agora?” Acho que não sorri o suficiente e a velhice se aproximou de mim quando eu não estava prestando atenção. Envelheci. Brevemente farei 68 anos. Os sinais da idade estão todos aqui e não penso em negá-los.

Todos os dias, quando acordo, meu corpo dói. Quando pratico ioga, acho difícil acreditar como alguns movimentos que eu podia fazer perfeitamente há dez anos são agora tão difíceis de dominar. E não foi só o meu corpo que mudou. Minha memória não é a mesma. Fico ansiosa só de pensar em ir ao meu clínico geral, para o exame médico anual, sabendo que ele dirá algumas palavras e me pedirá para lembrar quais elas eram, ao final da consulta. Eu não tenho uma conta no Twitter ou sigo coisas no TikTok. Prefiro sair para jantar por volta das 17h30, quando os restaurantes não estão lotados. Roupas não são mais tão importantes para mim. Meus amigos são os mesmos de anos e anos atrás. Não estou interessada no drama de Will Smith porque tenho certeza que será substituído em breve por um diferente. Eu tenho rugas. E daí? Prezo o silêncio e não gosto de superficialidade. Muitas vezes, prefiro minha própria companhia do que a dos outros. Mas tenho medo de expressar esses pensamentos porque as pessoas podem dizer: essa mulher está tão deprimida. 68 anos é jovem. Do que ela está falando?

Esta semana, eu estava remexendo numa gaveta e encontrei um artigo de jornal que minha mãe me enviou quando ela estava mais ou menos com 70 anos. Era sobre a velhice e encorajava o leitor a envelhecer com dignidade. Falava sobre não se ofender se alguém mais jovem tomasse seu lugar porque a velhice era um momento de aceitação, de reconhecer que havia outras maneiras de contribuir com a sociedade e deixar os jovens assumirem a liderança. Olho ao meu redor e vejo algumas pessoas seguindo essa orientação e envelhecendo com integridade. Também vejo muitas correndo contra o tempo, tentando fingir que são alguém que não são mais. Vão dançar com os mais novos, com um copo de bebida na mão, evitando ouvir seus corpos que reclamam alto, da mesma forma que nunca ouviram as vozes que lhes diziam que há coisas mais importantes que a aparência e que talvez, só talvez, a velhice possa ser um momento de reflexão.

Admiro a forma como meu cunhado está envelhecendo. Faz longas caminhadas em seu bairro, devagar e com firmeza, parando para admirar flores e pássaros, ou para conversar com as pessoas que já conhece dessas caminhadas diárias. Ele é mais dedicado à família, virou vegetariano e medita sobre o significado da idade. Tornou-se mais Zen, deixando de lado a correria do mundo, em busca da paz. Outra amiga minha também escolheu uma vida simples, curtindo seu jardim japonês, sempre se sentindo imensamente grata por todas as bençãos de sua vida. Nem meu cunhado nem minha amiga estão separados do mundo. Estão apenas concentrados em contemplar a beleza, em contato com seu eu interior.

À medida que envelhecemos, sinto que é possível encontrar um equilíbrio entre viver uma vida ativa, divertir-se depois de muitos anos de trabalho duro, e parar para cheirar as flores. Ainda há muitas coisas para descobrir, muitos lugares para viajar, assuntos para estudar. Mas também podemos fazer tudo isso sem pressa, seguindo nosso próprio ritmo. Recentemente, meu marido e eu passamos duas semanas viajando por Portugal. Fomos a muitas cidades, tivemos experiências maravilhosas e, em cada lugar, aproveitamos para sentar num café, relaxar, ouvir as conversas à nossa volta, ou apenas observar o modo de vida português. Em Belmonte, passeando de mãos dadas por uma rua tranquila, dei boa tarde a uma senhora bem idosa que nos olhava da janela de sua casa. Ela também disse boa tarde e desejou que aproveitássemos nossa caminhada. Mais tarde, vimos alguns homens jogando bocha na rua, como se o tempo não existisse. Paramos para curtir incontáveis ​​pores-do-sol, fizemos refeições maravilhosas e, de mãos dadas, descobrimos um belo país.

Voltamos pensando na nossa próxima aventura. Eu gostaria de viajar para o Laos, onde os lugares turísticos não são tão cheios e onde, como as pessoas costumavam dizer, você pode simplesmente sentar, relaxar e ver a grama crescer. Pretendo deixar o mergulho, o kitesurf aquático e outros esportes mais perigosos para minhas filhas, que com certeza vão adorar essas experiências. Já tenho o meu chapéu tailandês colorido que comprei numa viagem de aventura à Tailândia, há cerca de 17 anos. Agora, quero ter experiências significativas que toquem minha alma, preparando-me para o momento em que encontrarei meu Criador, como os índios americanos gostam de dizer. Penso no que vou ver quando chegar lá e tento me preparar para essa viagem inevitável. Sim, estou ficando velha. Só espero que esteja ficando mais sábia também.