Friday, May 1, 2009

Living In Slow Motion (Vivendo Em Câmara Lenta)


My American boyfriend tells me he has 25 watches. He has 2 or more wristwatches, 3 alarm clocks, 2 clocks in his computers, 3 or more in his TV and DVD sets, some in the kitchen’s appliances and so on… Listening to him I remember when I visited Machu Picchu 2 years ago. I forgot to take a watch so I had to keep asking for the time. However, it turned out that Peruvians, at least in the Cusco’s region, don’t wear watches. I could stop anyone on the streets, walk inside the stores, restaurants, and nobody would know the time. One day I asked the time of 6 American tourists who were sitting in one of the sidewalks cafés in Caldas Calientes. Immediately the 6 of them looked at their left wrists and told me the time. I just had to laugh…

When I was a kid in Brazil, my father always came home at 11am to have lunch and nap for one hour, after which he would go back to work. From noon to 1pm the house would stop, suspended in time. My mother would sit down and sew something while the dog would nap, close to her feet. The cook and the maids would have their lunch, listening to soap operas on the radio. We, the kids, played quietly with our dolls, spreading them on the tiled floor to escape the unbearable heat of the day. The entire house took a break.

In a few towns, in a few countries, people still live in slow motion, napping at lunchtime. In Thailand, in the small towns, a masseuse waiting for her next customer might nap at her shop on a futon. A taxi-driver waiting for customers naps inside his car. Life still goes slow. But in most western countries we are expected to work at lunch time, eating junk food in front of our computers, having still more junk food for dinner since we don’t have time to cook, never stopping to pay attention to what we do. And, surprisingly, we are always complaining that we don’t have time.

Visiting Brazil and seeing kids playing on the street, unconcerned about time, I wonder how time can be so unimportant when we are kids and why it becomes of the utmost importance when we grow up. And then I think about the seasons that come and go slowly, changing flowers and trees little by little, as if mocking us for being in such a hurry, so blind to the beauty that surrounds us.


VIVENDO EM CÂMARA LENTA

Meu namorado americano me disse que tem 25 relógios. Ele tem 2 ou mais relógios de pulso, 3 despertadores, 2 relógios nos computadores, 3 ou mais nas TVs e no DVD, alguns na cozinha, e assim por diante ... Quando eu ouço ele dizer isso, me lembro de quando visitei Machu Pichu há 2 anos. Eu tinha me esquecido de levar um relógio e passava o dia perguntando as horas pra todo mundo. No entanto, logo acabei descobrindo que os peruanos, pelo menos na região de Cusco, não usam relógios. Eu poderia parar alguém na rua, entrar nas lojas, restaurantes, e ninguém sabia a hora. Um dia, em Caldas Calientes, perguntei a hora para seis turistas americanos que estavam sentados em um barzinho na calçada. Imediatamente os seis olharam para seus relógios de pulso e me disseram a hora. Eu só pude mesmo rir ...

Quando eu era pequena e morava no Brasil, meu pai sempre voltava para casa às 11 da manhã para almoçar e cochilar por uma hora, antes de voltar ao trabalho. Do meio-dia até à uma da tarde a casa parava, suspensa no tempo. Minha mãe ia sentar e costurar alguma roupa enquanto o cachorro tirava uma soneca perto dos pés dela. A cozinheira e a empregada iam almoçar, ouvindo novelas no rádio. Nós, as crianças, brincávamos tranquilamente com nossas bonecas, espalhando-as no chão com ladrilhos para escapar do calor insuportável do dia. A casa toda parava.

Em algumas cidades, em alguns países, as pessoas continuam a viver em câmara lenta, cochilando na hora do almoço. Nas cidadezinhas da Tailândia, as massagistas cochilam nas lojas deitadas num colchão enquanto esperam os clientes. Os motoristas de táxi dormem dentro dos carros enquanto os passageiros não vêm. A vida segue num ritmo lento. Mas, na maioria dos países ocidentais, a expectative é de que as pessoas trabalhem na hora do almoço e comam só alguma besteira na frente dos computadores. Na hora do jantar, come-se mais outras besteiras sem prestar muita atenção à comida, já que ninguém tem tempo para cozinhar. E, surpreendentemente, estamos sempre reclamando que não temos tempo.

Quando viajei para o Brasil e vi as crianças brincando na rua, despreocupadas, comecei a me perguntar porque o tempo não tem a menor importância quando somos pequenas e depois torna-se tão importante quando crescemos. Enquanto me questionava a esse respeito, lembrei das estações do ano que vêm e vão sem se apressar, das árvores que dão flores e mudam de cores pouco a pouco, como se a natureza estivesse caçoando da gente por ter tanta pressa e passar a vida sem reparar na beleza que nos cerca.

3 comments:

  1. Bernadete, it is very cool to see you doing what you like, writing!!! Can wait for more.

    ReplyDelete
  2. Why have we done this to ourselves? Americans, I mean. What are your thoughts?

    ReplyDelete
  3. Thanks for reading my blog. I don't think that only American are concerned about time. It is a matter of "evolution" of the society. If you have money, you buy a celular. When you become more sucessfull, your boss gives you a blackberry so you can be available all the time. And so it goes...

    ReplyDelete