Sunday, October 11, 2009

I’m Corny (Sou brega)


My friend was telling me about a concert with beautiful classical music in the Kimmel Center in Philadelphia. I shook my head agreeing while she raved about the performance of the conductor and the orchestra. I said many “ohs!” in admiration. But I have to confess that, in fact, I was just pretending to be impressed. I don’t like classical music. It seems that every sophisticated person is supposed to enjoy it. Well, either I am not sophisticated or I missed this boat. Give me country music, Paraguayan polka, or any other “popular” type of music with very romantic lyrics and I am much happier than in a classical concert. Yes, I know: I am corny

I guess the roots of my love for this kind of music can be found in a particular restaurant in my hometown. When I was a teenager growing up in Corumbá, almost every week we would go to that barbecue place to dance. I don’t remember the name of the barbecue place. I am not even sure if it had a name. We just had do say that we were going to “the” barbecue place and everybody knew to which restaurant we were referring to. There, following the rhythms of guitars and accordions, we spent the night dancing Paraguayan polkas. Boys and girls took a break only to smoke, drink beers, cuba libres or guaranás. And then continued to dance countless hours at the sound of the romantic music that always talked about love.

Or maybe the fault of my corny musical taste can be attributed to my mother’s housekeeper. When I was a child, I always went to the laundry at lunchtime, while she ironed clothes listening to music from Agnaldo Rayol, Cauby Peixoto, Angela Maria and so many others romantic Brazilian singers. Since that time, my romantic soul fell in love with these singers and their type of music. Later on, I got more interested in the Jovem Guarda, and Roberto Carlos, Jerry Adriani, Vanderléia and others singers replaced the old ones. But, as always, I continued to favor the romantic songs.

There was a time when I worked as a journalist in the magazine Contigo, in São Paulo. That time was fantastic! The vendors from different record companies wanted to publicize their musicians and would give us, for free, the records of the singers who weren’t well-known and usually played country music. Sometimes I would give the records to the maids, but many times I kept them to enjoy the songs that, for my friends, couldn’t be cornier.

Last week, I read in the blog of my aunt Martha that she was traveling with a photographer in the interior of Brazil and, for lack of better option, was listening to country music. I couldn’t help but envy her. Spend days listening to country music… that would be a paradise for me! Since she mentioned Victor e Leo and I had never heard about their band,I went to youtube to check them out. I loved their songs, especially Deus e eu no sertão. Although I am so far from Brazil and its countryside, the singers touched me when they sang about a simple house close to a forest and a creek. There would be a hammock to sleep, and, at night, a show in the sky above ready to be watched… I know, I know. I am really corny.


SOU BREGA

Minha amiga estava me contando sobre um concerto de música clássica que ela assistiu no Kimmel Center, na Filadélfia. Enquanto ela falava com admiração sobre o desempenho do maestro e da orquestra, concordei, balançando a cabeça. Exclamei vários “ohs!" Mas confesso que, na verdade, não fiquei muito impressionada. Não gosto de música clássica. Parece que toda pessoa sofisticada tem de gostar. Bem, ou não sou sofisticada ou alguma coisa errada aconteceu comigo. Me sinto muito mais feliz ouvindo música sertaneja, polca paraguaia, ou qualquer outro tipo de música "popular" com letras românticas do que ouvindo um concerto de música clássica. É, tenho de admitir: sou brega.

Acho que as raízes do meu amor por músicas caipiras e polcas podem ser encontradas num restaurante da cidade onde nasci. Quando eu era jovem e morava em Corumbá, quase toda semana íamos a uma churrascaria para dançar. Não me lembro do nome da churrascaria. Nem tenho certeza se ela tinha um nome. A gente só tinha que dizer que estava indo para a "churrascaria" e todo mundo sabia a que restaurante estávamos nos referindo. Lá, ao ritmo de guitarras e acordeões, passávamos a noite dançando polcas paraguaias. Os garotos e as garotas paravam um pouco só para fumar, beber cerveja, cuba libres ou guaranás. Depois, continuávamos dançando sem parar, por muitas horas, ao som das músicas românticas que sempre falavam de amor.

Quem sabe meu gosto por músicas bregas possa ser atribuído à empregada da minha mãe. Quando eu era pequena, na hora do almoço sempre me esgueirava até a lavanderia, onde a empregada passava roupas ouvindo músicas de Agnaldo Rayol, Cauby Peixoto, Ângela Maria e tantos outros cantores românticos do Brasil. Desde aquela época, minha alma romântica era apaixonada por esses cantores e aquele tipo específico de música. Mais tarde, fiquei mais interessada na Jovem Guarda, em Roberto Carlos, Jerry Adriani, Vanderléia e outros cantores que substituíram os antigos. Mas, como sempre, continuei a gostar de músicas românticas.

Na época em que trabalhava como jornalista pra revista Contigo, em São Paulo, os vendedores de várias gravadoras queriam divulgar seus músicos e nos davam, de presente, os discos dos cantores que não eram muito conhecidos e geralmente cantavam música sertaneja. Às vezes, eu dava esses discos para as empregadas mas, muitas vezes, guardava os discos para poder ouvir as músicas sertanejas que, para os meus amigos, não poderiam ser mais bregas.

Semana passada, li no blog da minha tia Martha que ela estava viajando com um fotógrafo pelo interior do Brasil e, por falta de opção melhor, estava ouvindo música caipira. Fiquei com inveja dela. Passar os dias ouvindo música caipira! Isso seria um paraíso para mim. Já que ela tinha falado de Victor e Leo, uma dupla que eu não conhecia, fui ao youtube para ouvi-los. Gostei mesmo das músicas deles, especialmente uma chamada “Deus e eu no sertão”. Embora esteja tão longe do Brasil e das cidades interioranas, fico enternecida ouvindo uma música sobre uma casa simples perto de uma floresta e um riacho, com uma rede para dormir, e onde se pode assistir, de noite, a um verdadeiro show no céu... Eu sei, eu sei. Sou realmente brega….

1 comment:

  1. Dei boas risadas com sua crônica. Quem diria que eu iria lançar Vitor e Léo nos EUA com a minha viagem ao Nortão!
    Quanto a mim, gosto cada vez mais de samba.

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