
Many teachers ask their students to write an essay about a person who played an important role in their lives and helped them to change for the better. I was never given this assignment. However, I never doubted that if one day I had to write about a special person, this person would be my Aunt Jane. Some people pass through our lives and don’t leave a mark and don’t teach us anything. With Aunt Jane, I learned a lot. Her most important lessons? Have fun; laugh at the sadness and miseries of life, surround yourself with friends and relatives, and don’t be afraid to be generous with them. Be kind with strangers. Above all, enjoy life.
When I was 12 years old, I was sent to study in a boarding school in Rio de Janeiro. Some weekends I was allowed to visit my grandmother, who lived in the city with my aunts Jane and Martha. Martha was almost my age and became my friend. Tia Jane was 10 years older than me and became my idol. I looked up to her for everything. My mother was far away, and Aunt Jane was my model; someone who I admired and respected. She taught French and Portuguese in a school in a bad neighborhood of Rio de Janeiro. She was always talking about the deplorable conditions of the schools and the lack of opportunities for the children. I learned from her to question the ethic of a government who couldn’t care less about education.
I also learned from Aunt Jane that one could believe in God without going to church every Sunday. When I was about 15 years old, she declared she wasn’t going to mass anymore: I was delighted to be able to tell my grandmother that I would also do the same.
Aunt Jane could be serious, but she also made us laugh a lot. She drove an old car, a “Vemaguete” that she had nicknamed Genoveva. She liked to wear a wig that was called Gertrudes. Later on, she had a lizard that she named Jerusa.
After my grandmother passed away and Aunt Jane got married, her house became the preferable destination for everybody in our family. Whenever we were going out, we would meet there first. Whoever was visiting Rio would stay at her house, sometimes sharing her bed if the house was full of guests. For all of us, Aunt Jane always reserved a warm welcome.
The other day, one of my cousins had a medical procedure and Aunt Jane went to the hospital with her. My cousin is 50 years old and her sisters live in the same city. However, Aunt Jane was the one who went with her. All of Aunt Jane’s nieces including myself know that we can count with her for everything. She will be there for us in moments of crisis, to say that there are worse things in the world and we shouldn’t despair, or in moments of happiness, to celebrate with us with a good bottle of wine. With her we learned the meaning of the word generosity. With her, we learned that one could get old and still enjoy a good laugh at life.
Tomorrow will be Aunt Jane’s birthday. I wish I could be there, to celebrate with her. Unfortunately, I am far away and I can’t fly to Rio de Janeiro. But I am sure Aunt Jane will spend her birthday laughing, as always surrounded by the friends and relatives who love her.
O PROFESSOR NÃO MANDOU
Muitos professores pedem que os alunos escrevam uma redação a respeito de alguém que tenha desempenhado um papel importante em suas vidas, ajudando-os de alguma maneira. Nunca me deram esse dever. No entanto, nunca duvidei que, se um dia fosse escrever sobre uma pessoa especial, essa pessoa seria minha tia Jane. Algumas pessoas passam por nossas vidas e não deixam marcas, não nos ensinam nada. Com tia Jane, aprendi muito. Suas lições mais importantes? Divirta-se; ria das tristezas e misérias da vida. Cerque-se de amigos e parentes, e não tenha medo de ser generosa com eles. Seja gentil com estranhos. E, acima de tudo, aproveite a vida.
Quando eu tinha 12 anos, foi estudar num internato no Rio de Janeiro. Tinha permissão pra sair, em alguns fins de semana, e visitar minha avó que morava no Rio com minhas tias Jane e Martha. Martha era quase da minha idade e se tornou minha amiga. Tia Jane era 10 anos mais velha do que eu e se tornou meu ídolo. Eu formava minhas opiniões baseando-me nas dela. Minha mãe estava muito longe, e tia Jane era meu modelo, alguém que eu admirava e respeitava. Tia Jane ensinava Francês e Português numa escola num bairro meio fuleiro do Rio de Janeiro. Estava sempre falando sobre as deploráveis condições das escolas e a falta de oportunidades para as crianças. Aprendi com ela a questionar a ética de um governo que não se importava de maneira alguma com a educação.
Também aprendi com tia Jane que se pode acreditar em Deus sem ir à igreja todos os domingos. Quando eu tinha uns 15 anos, ela declarou que não ia mais à missa: fiquei muito feliz por poder dizer a minha avó que também faria a mesma coisa.
Tia Jane podia ser séria, mas também nos fazia rir muito. Ela dirigia um carro velho, uma "vemaguete" que tinha apelidado de Genoveva. Gostava de usar uma peruca chamada Gertrudes. Mais tarde, teve uma lagartixa chamada Jerusa.
Depois que minha avó faleceu e tia Jane se casou, sua casa tornou-se o lugar de encontro preferido de toda a família. Quando íamos sair, nos encontrávamos lá primeiro. Quem ia visitar o Rio ficava na casa dela, às vezes dividindo sua cama, se a casa estava cheia de convidados. Para todos nós, tia Jane sempre reservava um acolhimento carinhoso.
Um dia desses, uma das minhas primas teve de fazer um exame médico e tia Jane a acompanhou ao hospital. Minha prima tem 50 anos e suas irmãs moram na mesma cidade. No entanto, foi tia Jane quem ficou com ela no hospital. Todas as sobrinhas dela, incluindo eu, sabem que podem contar com ela para tudo. Ela estará sempre ao nosso lado nos momentos de crise, pra dizer que há coisas piores no mundo e não devemos nos desesperar, ou nos momentos de felicidade, para comemorar com a gente com uma boa garrafa de vinho. Com ela, aprendemos o significado da palavra "generosidade". Com ela, aprendemos que se pode envelhecer e ainda descobrir coisas alegres na vida.
Amanhã será o aniversário de tia Jane. Queria estar lá para comemorar com ela. Infelizmente estou longe e não posso ir até o Rio de Janeiro. Mas tenho certeza de que tia Jane vai passar seu aniversário feliz, como sempre cercada pelos amigos e familiares que tanto a amam.