Tuesday, February 4, 2014

THE WHITE OF YOUR HAIR (O BRANCO DO SEU CABELO)


Core Creek Park. Photo: Bernadete Piassa

   The nurse just combed her white hair, and now I hold her hands, doing reiki on her, hoping that I can transmit some energy to her. She looks at me without seeing me. Or does she see me? She seems lost in her fears, in her pain, in her memories.  Curled up in her bed, with her knees raised, in an almost fetal position, she looks as fragile as a bird. Since I started visiting her about ten months ago, she appears to have shrunk and almost never speaks. But sometimes, all of a sudden, she asks me softly; “Why?” I wish I could give her an answer…
   She doesn’t know but outside the world is white like her hair. The snow covers everything: lakes, trees, houses… Birds fly in flocks, looking for warmer places to go. Dogs run around, unaware that below all that beauty there might be danger. One needs to be careful.
   She doesn’t know but there are cars on the streets, children playing, people going to work, happy couples hugging each other, crowded restaurants, beggars and millionaires.  The world follows its natural course, like the seasons of the year, indifferent to her suffering.  
  
Core Creek Park. Photo: Bernadete Piassa
There is so much sadness in this room, as if a heavy blanket is trying to cover it forever. She looks at me and my heart cries out for her and for me. She doesn’t know and I don’t know either who is comforting who. I hold her hand and she holds mine.








O BRANCO DO TEU CABELO



Core Creek Park. Photo: Bernadete Piassa


   A enfermeira acabou de pentear o cabelo dela, todo branco, e agora eu seguro suas mãos, fazendo reiki nela, esperando que eu possa lhe transmitir um pouco de energia. Ela olha para mim sem me ver. Ou será que me vê? Ela parece perdida em seus medos, em sua dor, em suas lembranças. Encolhida na cama, com os joelhos levantados, numa posição quase fetal, ela dá a impressão de ser tão frágil quanto um pássaro. Desde que comecei a visitá-la há cerca de dez meses, ela parece ter ficado menor e quase nunca fala. Mas, às vezes, de repente, me pergunta baixinho: "por quê?" Gostaria de poder lhe dar uma resposta...
Core Creek Park. Photo: Bernadete Piassa
   Ela não sabe, mas lá fora o mundo é branco como seus cabelos. A neve cobre tudo: lagos, árvores, casas ... Os pássaros voam em bandos, à procura de lugares mais quentes. Cachorros correm,  sem se dar conta de que embaixo de toda essa beleza pode haver perigo. É preciso ter cuidado.
    
Core Creek Park. Photo: Bernadete Piassa
 
Ela não sabe, mas há carros nas ruas, crianças brincando, pessoas indo para o trabalho, casais felizes se abraçando, restaurantes lotados, mendigos e milionários
. O mundo segue seu curso natural, como as estações do ano, indiferente ao seu sofrimento.
   Há uma tristeza imensa neste quarto, como se um cobertor pesado estivesse tentando cobri-lo para sempre. Ela olha para mim e meu coração chora por ela e por mim. Ela não sabe e eu também não sei quem está confortando quem. Eu seguro sua mão e ela segura a minha.

10 comments:

  1. Dete,

    Belíssimas fotos! Texto interessante, na velhice, nossos entes queridos vão modificando.. fiquei com saudades de minha mãe que mora tao longe.

    Bjs

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  2. Que bom que você gostou! Na velhice, as pessoas aos poucos se recolhem, preparando-se para morrer, e o mundo de fora não tem mais tanto interesse. É a hora de elas enfrentarem seus demônios e seu passado. Há beleza e tristeza. .. Obrigada pela sua visita. Abraços.

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  3. Bom dia Dete querida!

    Que belo texto emocionante é verdadeiro,todos iremos passar pela a velhice isso se não morrermos
    antes. Minha Mãe aos 83 anos ainda é jovem por dentro, graça à Deus.

    Bjs na alma!


    Maria Machado

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  4. Oi Dete.
    Belas imagens.
    Na velhice a alegria de estar com quem amamos.
    A sensação do dever cumprido e o passaporte carimbado.
    É divino manter ,apesar dos cabelos brancos, o espirito que emana LUZ e JOVIALIDADE.
    Ser jovem de cabelos brancos.
    Paz e Luz.
    Um abraço.

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  5. Gracias por visitarme. Preciosa entrada!

    ;o)

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  6. Bom Dia Dete..
    Minha amiga além das montanhas e dos mares
    brasileira de coração.
    Seus escritos são maravilhosos com profundo entendimento
    momentos emocionantes de viver .
    A velhice é sinal de bom viver divinamente a cada segundo,
    é ter muitas histórias da vida a ser contada basta alguém querer nos ouvir.
    Eu gostaria de ter uma vida bem longa para ter tempo
    de ir escrevendo mais livros.
    Só escrevi a um ano o primeiro onde esta uma vida
    inteira de verdade .
    Com o segundo começado escrevo apenas quando
    minha alma dita cada palavra.
    O desanimador é escrever e ver que o Brasil é um Pais que praticamente mais
    da metade da população não tem habito ,
    Tudo que no passado se valorizava numa sala de aula
    a leitura hoje não tem nota como no meu tempo de estudante..
    Obrigada minha amiga pelo carinho ,
    pela lembrança de mim .
    Eu estarei aqui sempre presente com muito carinho por você.
    Feliz Domingo.
    Um abraço carinhoso.
    Evanir.

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  7. Dete, tudo que nasce, também cresce e morre. Somos os criadores do nosso destino, temos o livre arbítrio, temos conhecimento da Lei da Causa e Efeito...A semeadura é livre, mas, a colheita é certa. Nada acontece por acaso. Por isso, algumas pessoas são mais felizes do que outras...Você sabe do que falo.
    Quanto ao Reiki, muito bom poder fazer algo por alguém, ser canal para a doação da energia cósmica. Gosto disso.
    Querida amiga, gostei do seu artigo.
    Beijos quentíssimos prá você rs!!!

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  8. *
    O Branquiado do meu cabelo,
    é a espuma dos meus afetos,
    diletos,
    diretos,
    concretos !
    ,
    marés espumosas,
    deixo,
    incluindo a Evanir !
    *

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  9. Este año como cada año, nuestro tren parara en alguna estación, depende de cada uno de nosotros dejar ir a la tristezas, miedos, frustraciones, malos momentos, desamor. Agradece a cada uno de ellos.. su compañía y sus enseñanzas, aunque hayan sido dolorosas, déjalos ir, déjalos bajar de este tren. Deseo que en esta parada, a tu tren suban miles de bendiciones, sueños alcanzables, amor, abundancia, fuerza y determinación para seguir tu viaje.
    Hoy en mi vagón quedaran puestos desocupados y espero te sientes a mi lado para compartir junt@s este nuevo viaje. FELIZ NUEVO COMIENZO EN ESTE AÑO 2015!!!

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