Friday, February 18, 2011

Information Overload (Excesso de informação)

Last week, I went to the doctor to get a refill for some medication. Later, I decided to read the package insert since I was experiencing some weird side effects. I opened the package and started to unfold it. To my surprise, the prescription information was about one meter long. It was written in a very small font, on both sides of the paper. I wondered if I was supposed to read all that? But, if the information was not intended for me, then who was supposed to read it? The doctor, who is instructed by the insurance companies to spend only 5 minutes with each patient? Maybe the sales representative, who probably won’t remember half of the writing on the package? Eventually, I came to the sad conclusion that the package insert was prepared to meet the rules and regulations set by the government, or in case a lawyer decided to sue the drug company. Because of all these rules, regulations, and esteemed members of the legal community, I was once more the victim of information overload.

“Information overload” is a term popularized by the American writer Alvin Toffler, which refers to the difficulty a person might have understanding something and making decisions caused by too much information. Nowadays, there is too much information everywhere. The fisherman, who lives in a small island in a remote part of this crazy planet, probably feels like his days are long and he has plenty of time. Decisions are not complicated because there are not many of them to make. But for us, who live in this “sophisticated” world, there is too much of everything. As a result, we get too stressed, too overwhelmed, too tired, and too confused.

Let’s think about Starbucks, for example. In the 70’s, someone would go to a coffee shop and ask for a coffee. Now, if this person lives in the US or in any of the many places in the world where there is a Starbucks coffee shop, he needs to make a decision: does he want a tall, grande or vente coffee, decaf or regular, latte, and if he wants a latte, is it with soy, skim, 2% or regular milk, does he want whipped cream on top, mocha, with peppermint, with pumpkin, or iced???? The choices are endless. As a result, the person spends a lot of time just staring at the Starbucks barista feeling confused, nervous and, above all, stupid!

With the Internet providing us with all sort of information we never asked for, we believe that we have to read all of it or we feel stupid. Nowadays, doctors dread the “well-informed” patient who goes to the Internet and finds all the facts, not always correct, about their illness. The merchants dread consumers who pretend to be more knowledgeable about their merchandise. And consumers feel frustrated because there is so much to read that they can’t make a decision anymore.

So, what’s next? I don’t know. Yesterday, driving through Philadelphia, I saw this van with two very young kids in the back seat watching TV while the mother, who was driving, talked on her cell. I wondered if they would have anything at all to say to each other. The kids would probably scream if the mother turned off the TV. The mother would feel upset if her phone wasn’t working. Technology became more and more important, and as a result, people communicate less with each other.

As for my package insert, well, I guess I will just throw it away. Maybe that is where it was intended to be all along: in the garbage can, where it can be recycled and become something far more interesting and useful.

EXCESSO DE INFORMAÇÕES

Na semana passada, fui ao médico pegar mais uma receita de um remédio. Mais tarde, decidi ler a bula que estava sentindo alguns efeitos colaterais estranhos. Peguei a bula e começei a desenrolá-la. Para minha surpresa, ela tinha mais ou menos um metro de comprimento, e havia sido escrita numa fonte bem pequena, nos dois lados do papel. Será que era para eu ler tudo aquilo? Mas se a informação não era para mim, então quem deveria lê-la? O médico, que é aconselhado pelas companhias de seguros a não perder mais de 5 minutos com cada paciente? O representante de vendas, que provavelmente não vai lembrar da metade do que leu? Por fim, cheguei a triste conclusão de que a bula era daquele jeito só para atender às normas e regulamentos estabelecidos pelo governo, ou caso algum advogado decidisse processar a empresa farmacêutica. Devido a todas essas normas, regulamentos, e os estimados membros da comunidade jurídica, eu estava sendo, mais uma vez, vítima de excesso de informação.


"Sobrecarga de informação" é um termo que foi popularizado pelo escritor americano Alvin Toffler, e se refere à dificuldade que uma pessoa pode ter para compreender algo e tomar decisões devido ao excesso de informação. Atualmente, informação demais em toda parte. Um pescador, que mora numa pequena ilha em alguma parte remota deste planeta louco, provavelmente sente que seus dias são longos e tem tempo de sobra. Suas decisões não são complicadas porque ele não precisa tomar muitas. Mas para nós, que vivemos neste mundo "sofisticado", há muito de tudo. Como resultado, acabamos muito estressados, muito sobrecarregados, muito cansados, e muito confusos.

Vamos pensar na Starbucks, por exemplo. Nos anos 70, alguém ia a um bar e pedia um café. Mas agora, se essa pessoa mora nos EUA ou em algum outro lugar do mundo onde há uma loja de café Starbucks, ela precisa decidir: quer um café pequeno, médio, ou grande? Do tipo regular ou decafeinado? Com leite ou não? Se for com leite, quer leite de soja, leite desnatado, com 2% de gordura, ou leite comum? Quer com chantilly, com chocolate, com hortelã, com abóbora, gelado??? As escolhas são infinitas. O resultado é que a pessoa passa um tempão olhando para o atendente da Starbucks, sentindo-se confusa, nervosa e, acima de tudo, imbecil!

Com a Internet proporcionando-nos todo o tipo de informação que nem pedimos, acabamos acreditando que temos de ler tudo para não nos sentirmos burros. Atualmente, os médicos têm medo dos pacientes "bem informados" que lêem na Internet tudo o que encontram sobre sua doença e que, às vezes, não está certo. Os comerciantes temem os fregueses que se fingem muito bem informados sobre as mercadorias. E o público de maneira geral se sente frustrado porque tanta coisa para ler que é impossível tomar uma decisão.

E então, qual é a saída? Nao sei. Ontem, dirigindo pela Filadélfia, vi uma van com duas crianças bem pequenas no banco de trás assistindo TV enquanto a mãe, que estava dirigindo, falava no seu celular. Gostaria de saber se eles teriam alguma coisa para dizer uns aos outros. As crianças provavelmente chorariam se a mãe desligasse a TV. A mãe ficaria chateada se seu celular não funcionasse.  A tecnologia se tornou mais e mais importante na nossa vida, e como resultado, as pessoas se comunicam menos umas com as outras.

Quanto a minha bula, bem, acho que vou jogá-la fora. Talvez fosse lá mesmo que ela estivesse destinada a acabar: na lata de lixo, onde poderá ser reciclada e se tornar algo muito mais interessante e útil.


Photo: Bernadete Piassa

1 comment:

  1. Dete,
    Adorei!! Mais uma vez, me identifiquei demais com seu artigo.
    Aliás, uso demais esse termo, overload, para explicar ao meu marido ou à psicóloga o que sinto periodicamente: o cérebro tem um overload, após vem a ressaca, i.e., um período de apatia e depressão.
    Beijos

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