Saturday, May 30, 2009

Love (Amor)



What are you going to remember one day? The fights that we had, the tears that we shed, the heavy silence after we had said words that we soon regretted? Time has a way of erasing the bad feelings. After awhile, we remember only the laughter, the moments of intimacy, the complicity.



I will always remember going up river with you. The day was warm, the trees along the Neshaminy still, watching silently as we glided by them, our paddles parting gently the waters of the river. From time to time we stopped paddling to listen to the birds and we thought that our hearts were going to melt with so much happiness. That day I wanted to know the name of your canoe. “Ina Maka – Mother Earth in Lakota -”, you said.



I remember traveling up the Amazon River with you. We had decided to go by boat from Belem to Manaus, in a trip that would take about 3 days. The boat had a large deck where the travelers hung their hammocks to sleep. We shared a large hammock. Whenever someone in a hammock rocked, all the hammocks rocked for there wasn’t much room. During the day, the hammocks were folded. Then, we watched small kids in their canoes, approaching the boat to ask for food. The travelers threw bread in plastic bags and the kids paddled frantically to get to them before the river swallowed the food.



I remember you telling me that you would support me no matter what. And I also remember telling you that I would take care of you after your surgery. I remember our long walks after dinner to discuss about the kids. And I also remember dancing with you after the dishes were done.



But wait, all these remembrances aren’t in fact only from you. They are from other men of my life as well. Now, you all seem to merge in my mind, composing a beautiful quilt where all my lovers left their footprints. Life managed to put all of you together and now, when I think about the past, I remember only the happiness, not the names, the harmony, not the disagreements. Let’s not fight today, okay? Tomorrow we won’t remember why we fought anyway. Let’s take Ina Maka to the river and let Mother Earth works her magic on us.




AMOR


Do que você vai se lembrar um dia? Das brigas que tivemos, das lágrimas que derramamos, do silêncio pesado depois que nos acusamos de coisas das quais logo nos arrependemos? O tempo tem um talento especial para apagar as lembranças ruins. Depois de alguns anos, nós nos lembramos apenas das risadas, dos momentos de intimidade, da cumplicidade.

Vou me lembrar sempre da gente subindo o rio juntos. O dia estava quente, sem vento. As árvores à beira do Neshaminy estavam imóveis, acompanhando silenciosamente a nossa passagem, ouvindo nossos remos partindo suavemente as águas do rio. De vez em quando parávamos de remar para ouvir os cantos dos pássaros e nesses momentos pensávamos que nossos corações podiam até explodir de tanta felicidade. Naquele dia perguntei o nome da sua canoa. "Ina Maka - Mãe Terra em Lakota", você disse.

Eu me lembro de nós viajando pelo Rio Amazonas. Tínhamos decidido ir de barco de Belém para Manaus, mesmo sabendo que a viagem demoraria mais ou menos três dias. O barco tinha um deck imenso onde os viajantes penduravam as redes para dormir. A nossa rede era de casal. De noite, sempre que alguém balançava em uma das redes, todas as outras redes balançavam também, já que não havia muito espaço. Durante o dia, as redes eram dobradas. Logo, algumas crianças pequenas, remando canoas bem rudimentares, começavam a se aproximar do barco para pedir comida. Elas batiam na boca e emitiam sons imitando índios e os sons ecoavam pelo rio e pela mata. Os viajantes colocavam pedaços de pão em sacos plásticos e atiravam na água. As crianças remavam o mais rápido que podiam para pegar os sacos antes que o rio, sempre faminto, devorasse a comida.

Eu me lembro de você prometendo que ficaria sempre ao meu lado, não importa o que acontecesse. E me lembro de eu lhe dizendo que ia cuidar de você depois da sua cirurgia. Lembro-me das nossas longas caminhadas depois do jantar, quando falávamos sobre os problemas dos nossos filhos. E me lembro também de nós dançando na sala, depois que tínhamos jantado e lavado os pratos.

Mas espere, todas essas lembranças não são, na verdade, só de você. Também são lembranças de outros homens da minha vida. De repente, vocês todos parecem se fundir na minha mente, formando uma colcha linda de retalhos onde todos os meus amantes deixaram suas pegadas. A vida juntou todos vocês na minha memória e agora, quando penso no passado, lembro-me apenas da felicidade, e não dos nomes, da harmonia, e não das brigas. Não vamos brigar hoje, está bem? Se brigarmos, amanhã nem vamos nos lembrar por que brigamos…. Vamos levar Ina Maka para o rio e deixar que a Mãe Terra nos envolva no seu manto mágico.

1 comment:

  1. Beautiful! A soft touch in a word so rude...
    I'm happy you have kept good memories of your lovers. I'm feeling empty now and I can't remember anything ... But your chronicle made me feel a little bit better.

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