Friday, May 29, 2009

Going With Dignity (Morrendo Com Dignidade)



Today I want to give you some advice: if you are thinking about killing yourself but aren’t 100% sure, don’t go to Japan. I read on the Internet last week about this guy who walked to a bridge apparently all ready to kill himself at a spot where others were already successful. This guy was there for four hours threatening to jump. Finally, an old man came up behind him, shook his hand, and pushed him off the bridge. Now, do you see what I mean? If you are not totally sure that you want to die, avoid a place where people might force you to die, in case you are having second thoughts. Instead, try going to Brazil, where people are very likely to start crying once you tell them your problems, and you might end up consoling them instead of jumping.

Last week I was thinking a lot about death. Not because I am a morbid type of person. I just happened to find myself pondering the subject. I always thought that I would like to die when I turned 70ish, with my mind and my body still working in synchronicity. Now that I am 55, I started to have second thoughts: isn’t a 70 years old person too young to die? Shouldn’t I wait until I get to be 80 years old? I consider the possibilities and then I laugh at myself. Who am I to choose the moment of my death? Didn’t I learn yet that death, like life, likes to surprise us when we least expect?

I see all these Hollywood stars who work so hard to keep their bodies fit, trying to outsmart death, and don’t seem to pay attention to their minds. They will die one day, paralized in botox, as if they were still in their 30th...At the same time, I see those people who have arthritis, bladder problems, diabetes, all kinds of health issues, and still conserve their beautiful minds intact. What would you like to lose first: your body or your mind?

Sometimes I walk past a retirement home and see lots of old people sitting outside. I imagine they talking about their aches, their kids and grand-kids, their past. They probably live off their memories. The highlight of their day is a visit to the doctor or the discovery that there will be a new flavor of jello for lunch. The future reserves a succession of days exactly like this one, while the past looks so inviting…

There are people who get a close call from death but fight to stay alive. Then, there are others who spend their lives waiting for death, saying that they are too old for this and that, and not even noticing everything that they are missing because they just don’t have the will to try. I wonder what makes someone love life and someone so afraid of it. Someone celebrates lives, while someone else greets death with open arms. Old age seems to bring many questions to mind. For most of them, we have no answers.

Last week Maria Amelia Lopez, from Spain, died. Maria Amelia was the oldest blogger in the world. She was 97 years old when she died and had been blogging since 2006, when her grandson created a site for her as a present for her 95th birthday. She wrote about her memories, dreams, sadness, happiness, and about life in general. Her blog received a lot of attention with more than 1.7 million hits. When she started blogging, newspapers from all over the world celebrated her courage of writing. Last week, newspapers from all over the world lamented her death.

If I could choose, I would choose to die like Maria Amelia, with all my witts intact. I wouldn’t want to die pushed off a bridge by someone who thought that I had disturbed the traffic for too long. I would like to die with grace, thinking that my life had been worth living. Because, above all, I believe in dignity.


MORRENDO COM DIGNIDADE

Hoje eu quero lhe dar um conselho: se você está pensando em se matar, mas não está totalmente convencido, não vá para o Japão. Li na internete na semana passada uma história sobre um cara que foi para uma ponte, aparentemente já usada com sucesso por outros suicidas potenciais, e ficou lá quatro horas ameaçando se atirar. Finalmente, um velho veio por trás dele, estendeu a mão para cumprimentá-lo, e o jogou pra fora da ponte. Entende o que eu quero dizer? Se você não está totalmente seguro de que quer mesmo morrer, evite um lugar onde as pessoas poderiam forçá-lo a se matar, caso você resolva no último minuto que não está tão convencido assim. Em vez disso, vá para o Brasil onde as pessoas provavelmente vão até chorar depois que você falar dos seus problemas, e você pode acabar consolando-os em vez de pular da ponte.

Na semana passada eu estava pensando muito sobre a morte. Não que eu seja um daqueles tipos de pessoas mórbidas. Por acaso, me deparei comigo mesma ruminando sobre o assunto. Eu sempre pensei que gostaria de morrer quando fizesse 70 anos e ainda tivesse com minha mente e meu corpo trabalhando em sintonia. Agora que já fiz 55, comecei a me perguntar: será que uma pessoa de 70 anos não é muito jovem para morrer? Eu não deveria esperar até chegar aos 80? Penso nessas coisas e rio de mim mesma. Quem sou eu para escolher o momento da minha morte? Até hoje não aprendi que a morte, como a vida, gosta de nos surpreender quando menos esperamos?

Vejo todas essas estrelas de Hollywood que malham tanto para manter o corpo em forma, tentando ser mais espertas do que a morte, e parecem se descuidar da mente. Elas vão morrer um dia paralisadas em botox, como se ainda tivessem 30 anos. ... Ao mesmo tempo, vejo as pessoas que têm artrite, problemas de bexiga, diabetes, tantos outros problemas de saúde, e ainda conservam as suas mentes intactas. O que você gostaria de perder primeiro: o seu corpo ou a sua mente?

Às vezes eu passo na frente de um asilo e vejo muitos idosos sentados na porta. Imagino que estejam conversando sobre suas dores, seus filhos, seus netos, seu passado. Provavelmente vivem das suas lembranças. O ponto alto do dia deles é uma visita ao médico ou a descoberta de que na hora do almoço será servido um sabor diferente de gelatina. O futuro reserva uma sucessão de dias exatamente como um presente, enquanto o passado parece tão convidativo ...

Há pessoas que quase morrem, mas resolvem lutar para permanecer vivas. Depois há aquelas que passam a vida esperando a morte, dizendo que são muito velhas para isto e aquilo, e nem percebem tudo o que estão perdendo porque simplesmente não experimentam nada de novo. Eu me pergunto o que faz alguém amar a vida enquanto outra pessoa tem medo dela. O que faz alguém querer aproveitar a vida, enquanto outra prefere esperar a morte de braços abertos. Pensar na velhice deixa a gente cheia de perguntas… Para a maioria delas, não temos respostas.

Há pouco tempo, a espanhola Maria Amélia Lopez faleceu, com 97 anos. Maria Amélia era a blogueira mais velha do mundo. Tinha iniciado seu blog em 2006, quando seu neto criou um site para ela como um presente de aniversário para seus 95 anos. Ela escrevia sobre o que lembrava do passado, seus sonhos, tristezas, felicidades, e sobre a vida em geral. Seu blog chamou a atenção de muita gente e mais de 1,7 milhão de pessoas passaram a lê-lo. Quando Maria Amélia começou a escrever, os jornais de todo o mundo homenagearam a sua coragem. Quando ela morreu, jornais de todo o mundo lamentaram a sua morte.

Se eu pudesse escolher, gostaria de optar por morrer como Maria Amélia, com minha capacidade intelectual intacta. Não quero morrer empurrada duma ponte por alguém que achasse que eu tinha interrompido o tráfego por muito tempo. Gostaria de morrer com elegância, pensando que minha vida tinha valido a pena. Pra mim, não existe nada mais importante do que a dignidade.

No comments:

Post a Comment