Monday, June 3, 2013

PLAN #63 FOR OLD AGE




Photo: Olivia Gissing
Six years ago I was in a train from Ollantaytambo to Aguas Calientes, in Peru, on my way to Machu Picchu. The train was relatively new, but already had many leaks in the roof. Among the countless young people who travelled on board, I spotted a woman about my age. We sat together and while the train slowly climbed the mountains, crossing the Inca Trail, we tried to forget the water dripping over our heads and we talked. I told her I was traveling by myself and she admired my courage because she was part of a group tour. She told me she was English and lived in Los Angeles, but she was going to retire in the UK and had already bought a house there. I admired the fact that she was already planning for retirement. Listening to her, I thought I should start planning for mine as well and decided that, from that day on, I would travel to many places in the US and Brazil, trying to figure out the best place for me to live out my old age.

The years passed. I traveled to many cities that struck my imagination but never considered seriously if they were good for retirement or not. Knowing that I am going on vacation this week and aware of my decision to investigate possible retirement places, my daughter asked me if my trip had this purpose. Well, I am going to the northeast of Arizona, to visit the Hopi and Navajo reservations. I don’t think I could retire there. It looks like once more I am choosing an adventure instead of concentrating on planning for the future…
This year I have been forced to think a lot about old age and death. I am confronted with the problem weekly, when I go to do reiki on a lady who is in hospice care, dying.  Recently, my aunt passed away suddenly, causing me to ponder the fragility of life. I am not afraid of death. It is all the planning that leaves me feeling up in the air, unsettled. 

My sister sent me an interesting article about how confused children become when they have to deal with an aging parent. I am aware that I don’t want to be a burden for my children. How can I avoid that, if I don’t even know where I want to live in my old days? I imagine that for someone who always lived in the same place, this is not a problem. The probabilities are that he will continue where he is. Since I lived in so many places, it is difficult to decide where to plant my roots as I grow old. 

Old age, it turns out, is not a matter to be dealt with lightly. Nowadays, there are countless seminaries teaching the best steps to prepare for the time one gets old, including financial, emotional, and physical aspects of it. All of them seem to discuss interesting ideas. How to decide which way is the best way?
The idea of getting old with friends, shown in many movies, is very appealing. But how about the very end, when a hospital or a retirement home becomes almost unavoidable?  Like most people, I would like to die at home. Considering that 80% of people, at least in the US, die either in a hospital or a retirement home, to die at home would require a lot of planning and assistance. 

I have seen many old people living in a luxurious retirement home, surrounded by many amenities that they can’t even see anymore, let alone enjoy. All their needs are attended to. If they even sneeze, there is a nurse asking what is going on. They receive such good care, that their death takes forever and they spend years in these golden cages from which the only exit is death. Do I want that for me? Even though the life expectancy in the US is 79 years (in Japan, Switzerland and San Marino, countries that have the highest life expectancy, it is 83 years old, and in Brazil, it is 74 years old) there are a lot of people older than 100 living in retirement homes. Some of them spend more than 10 years there because their children thought they were going to die much sooner and sent them away. So sad…

The time when an old person was considered a source of wisdom and was looked after by their children is fast coming to an end, at least in the most developed countries. Nowadays, someone approaching old age needs to make their own plan. And even if the person chooses an ideal place to live and move there while still young, destiny can intervene and send the person to another place. A friend of mine was ready to retire in South Carolina. When her son got very sick in Maine, she was forced to move there and change all of her plans.

Life is unpredictable and we can’t cover all possibilities. Still, maybe we should at least decide if we want to be home until our last day, and what kind of assistance this would require, what type of retirement home we would like to go to, in case we are forced to opt for this, if we want to be kept alive in the event of a coma, and who will make medical decisions for us, if we become incapacitated. It might sound silly, but we should also think about small things that would annoy us a lot, in our old days, and take steps to prevent them from happening. For example, I couldn’t bear to be in a place where people would leave the TV or a radio on in my bedroom, convinced that I needed some company, when I always loved the silence. 

I can’t decide about where to live yet, and I am sure any plan I make will keep changing. But at least I can put “no TV and no radio in the bedroom” on my wish list for old age.…

Plano n º 63 para a velhice

Seis anos atrás eu estava num trem indo de Ollantaytambo para Aguas Calientes, no Peru, a caminho de Machu Picchu. O trem era relativamente novo, mas já tinha muitas goteiras no telhado. Entre os inúmeros jovens que viajavam a bordo, vi uma mulher da minha idade. Nós nos sentamos juntas e enquanto o trem subia lentamente as montanhas, cruzando a Trilha Inca, tentamos esquecer da água pingando sobre as nossas cabeças e batemos papo. Eu lhe disse que viajava sozinha e ela admirou a minha coragem, já que estava numa excursão. Ela me disse que era inglesa e vivia em Los Angeles, mas ia se aposentar na Inglaterra e já tinha até comprado uma casa lá. Eu a admirei por estar planejando sua aposentadoria. Ao ouvi-la, pensei que eu deveria começar a planejar a minha também e decidi que, a partir daquele dia, iria viajar para muitos lugares nos EUA e no Brasil com o objetivo de descobrir o melhor lugar para viver quando ficasse idosa.

Os anos passaram. Viajei para muitas cidades interessantes, mas nunca considerei seriamente se eram boas ou não para os aposentados. Minha filha, que sabia dos meus planos de investigar um lugar bom para eu morar mais tarde e que também sabia que eu ia viajar de férias nesta semana, me perguntou se minha viagem tinha esse propósito. Bem, eu estou indo para o nordeste do Arizona, para visitar as reservas dos índios Hopi e Navajo. Não acho que poderia me aposentar lá. Parece que mais uma vez optei por uma aventura em vez de me concentrar no planejamento para o futuro ...

Este ano fui forçada a pensar muito sobre a velhice e a morte. Sou confrontada com o problema semanalmente, quando vou fazer reiki numa senhora que está em cuidados paliativos, quase morrendo. Recentemente, minha tia faleceu subitamente, levando-me a refletir sobre a fragilidade da vida. Não tenho medo da morte. É todo o planejamento que me deixa perplexa.

Minha irmã me enviou um artigo interessante sobre como os filhos ficam confusos quando têm de lidar com seus pais idosos. http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/04/esses-filhos-perplexos-diante-da-velhice-dos-pais.html Sei que não quero ser um peso para meus filhos. Como posso evitar isso,  se nem sei onde quero viver na velhice? Imagino que para alguém que sempre morou no mesmo lugar, isso não seja um problema. As probabilidades são de que essa pessoa continue onde está. Como já morei em tantos lugares, é difícil para mim resolver onde plantar minhas raízes e envelhecer.

A velhice, ao que parece, não é uma questão para ser tratada com frivolidade. Hoje em dia, existem inúmeros seminários ensinando as melhores maneiras para se preparar para a terceira idade, incluindo os aspectos financeiros, emocionais e físicos. Todos esses seminários parecem discutir ideias interessantes. Como decidir qual é o melhor caminho?

A ideia de envelhecer com os amigos, discutida em alguns filmes, é muito atraente. Mas e quando chega a hora final, quando um hospital ou casa de repouso torna-se quase inevitável? Como a maioria das pessoas, eu gostaria de morrer em casa. Considerando-se que 80% das pessoas, pelo menos nos EUA, morrem em hospitais ou em casas de repouso, a opção de morrer em casa exige muito planejamento e assistência.
Já vi muitas pessoas idosas morando em casa de repouso luxuosas, cercadas por todo tipo de conforto que elas não podem nem ver mais e muito menos aproveitar. Todas as suas necessidades são atendidas. Se espirram, aparece uma enfermeira perguntando o que está acontecendo. São tão bem cuidadas, que levam uma eternidade para morrer e passam anos nessas gaiolas de ouro, das quais a única saída é a morte. Será que quero isso para mim? Apesar de a expectativa de vida nos EUA ser de 79 anos (no Japão, Suíça e San Marino, os países com a mais alta expectativa de vida, é de 83 anos de idade e, no Brasil, de 74 anos), há um monte de idosos, com mais de 100 anos, morando nesses lugares. Alguns deles estão ali há mais de 10 anos, porque seus filhos pensavam que iam morrer muito mais cedo e os mandaram para lá. Tão triste ...

O tempo em que uma pessoa de idade era considerada uma fonte de sabedoria e cuidada pelos filhos está rapidamente desaparecendo, pelo menos nos países mais desenvolvidos. Hoje em dia, quem envelhece precisa fazer seu próprio plano. E mesmo se a pessoa escolhe um lugar ideal para viver e se muda para lá ainda jovem, o destino pode intervir e mandar a pessoa para outro lugar. Uma amiga minha estava pronta para se aposentar na Carolina do Sul. Quando seu filho ficou muito doente, no Maine, ela foi forçada a se mudar para lá e refazer todos os seus planos.

A vida é imprevisível e não podemos cobrir todas as possibilidades. Ainda assim, talvez devêssemos pelo menos decidir se queremos ficar em casa até o último dia de vida, e que tipo de assistência isso iria requerer, para que tipo de casa de repouso gostaríamos de ir, caso fôssemos forçados a optar por isso, se queremos ser mantidos vivos, no caso de entrar em coma, e quem tomará as decisão médicas por nós, se nos tornarmos incapacitados. Pode parecer bobagem, mas também devemos pensar em pequenas coisas que realmente nos incomodam e tomar providências para evitá-las na nossa velhice. Por exemplo, eu não ia suportar estar num lugar onde as pessoas iriam deixar a TV ou o rádio ligado o tempo todo no meu quarto, convencidos de que eu precisava de alguma companhia, pois sempre amei o silêncio.

Não consigo decidir ainda onde viver na minha terceira idade, e tenho certeza de que qualquer plano que eu fizer vai continuar mudando. Mas, pelo menos, posso colocar "não ponham nem TV e nem rádio no quarto" na minha lista de desejos para a velhice ....

2 comments:

  1. O que sempre se espera é poder estar junto às pessoas que amamos. Nenhum luxo supre a necessidade de atenção e carinho.

    Obrigada pela mensagem. Não entendi porque não a deixou no blog (rss). Entre e fique à vontade. Bjs.

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  2. Oi, Dete, o futuro nos preocupa, pois, ele é uma incógnita. Certamente, temos débitos de vidas passadas a resgatar e, assim sendo, não sabemos como será o nosso fim. Por enquanto, vamos fazendo o nosso melhor, plantando boas sementes para que "as futuras " colheitas sejam, cada vez mais suaves. Aplicar reiki é plantar boa semente, rs. Beijos e muita paz!

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