Sunday, November 20, 2011

Wealth, Mozambique style (Riqueza no estilo de Moçambique)


     I just finished writing a short email, with 3 small paragraphs, to a woman who used to be my best friend when I was a child. Another friend of mine gave me her email address about a week ago and since then I have been wondering what to write to someone I used to like so much, have so much in common with, but haven’t seen in more than 40 years. How could I reconnect with someone from my past who was so important to me? Wasn’t it safer to leave it at that, in the past? We both traveled so far away and  lead such different lives. I had to ask myself if there was anything left to talk about. On the other hand, aren’t friends and family the threads that tie our lives together?
     In his essay “Languages We Don’t Know We Know,” the writer Mia Couto explains that in some of the languages spoken in Mozambique, there isn’t a word for “poor.” A poor person is called by a word meaning “orphan” because poor is someone who doesn’t have relatives. Poverty is loneliness, family rupture. ..This week I reconnected with another friend from my childhood through Facebook and also sent the email I just mentioned. Aside that, there was a big reunion in Brazil, attended by 77 relatives from my mother’s side of the family. Although I wasn’t there, I felt part of it due to all the comments posted on Facebook, photos shared, and endless talks about the meeting.  This week I am definitely wealthy in Mozambican terms…
     But it is not the Brazilian part of me that feels wealthy right now. I have made a few but good friends in my adoptive country.  My 3 children live here, I am married to an American, and although sometimes I feel that my feet are still firmly planted on the other side of the ocean, I have developed strong ties in the US as well. When I left my country, 26 years ago, I was the only person in my extended family living abroad. Nowadays, I have cousins or nephews in Canada, Germany, and Austria. In the US, there are people from my family in the East and the West Coast. One day, we will be spread all over the world. With the internet connecting us, we can still maintain our ties and celebrate each others' lives even from faraway places.
     The bonds that we form with family and friends last forever. It is true that some people come and go, and that sometimes we feel more connected to one person than another. However, we know that true friends are there for us no matter what. We can be in different countries or living only minutes apart. In our heart, they are always present helping us fell wealthy and blessed even when everything else might be falling apart.

Riqueza no estilo de Moçambique
 
     Acabei de escrever um email de três parágrafos para uma pessoa que era minha melhor amiga nos meus tempos de criança. Uma outra amiga me passou o email dela e  eu fiquei angustiada quase uma semana, pensando no que escrever para alguém de quem eu gostava muito, com quem tinha tanta coisa em comum, mas que não via há mais de 40 anos. Como  seria me reconectar com alguém que tinha sido tão importante no meu passado? Não seria mais seguro deixá-la para trás,  apenas como passado? Nós duas viajamos para tão longe, levamos vidas tão diferentes. Será que teríamos do que conversar? Por outro lado, não são os amigos e as pessoas da família os fios que mantêem nossas vidas ligadas?
          Na sua crônica "As línguas que não sabemos que sabemos", o escritor Mia Couto explica que em alguns dos dialetos falados em Moçambique, não existe uma palavra para "pobres". Uma pessoa pobre é chamada por uma palavra que significa "órfão" porque pobre é alguém que não tem parentes. Pobreza é solidão, é a ruptura familiar. .. Esta semana eu voltei a conversar com outra amiga de infância através do Facebook e também enviei o tal email do qual já falei. Além disso, houve uma grande reunião no Brasil, do pessoal da família da minha mãe, na qual 77 parentes meus participaram. Embora eu não estivesse lá, me senti parte da festa devido a todos os comentários postados no Facebook, as fotos compartilhadas e as conversas intermináveis
​​sobre a reunião. Esta semana eu me considerei definitivamente rica, nos termos de Moçambique ...
          Mas não é apenas minha parte brasileira que me faz sentir rica. Fiz alguns bons amigos neste meu país adotivo. Meus 3 filhos vivem aqui, sou casada com um americano e, apesar de às vezes sentir que meus pés ainda estão firmemente plantados no outro lado do oceano, criei laços fortes com os EUA. Interessante que quando deixei o meu país, há 26 anos, eu era a única pessoa na minha família que foi morar no exterior. Hoje em dia, tenho primos ou sobrinhos no Canadá, Alemanha e Áustria. Nos EUA, há pessoas da minha família no Leste e Oeste. Um dia, estaremos espalhados por todo o mundo. Com a internet conectando-nos, ainda podemos manter nossos laços e comemorar as coisas importantes que acontecem para cada um de nós, mesmo de lugares distantes.
           Os laços que formamos com a família e amigos são indestrutíveis. É verdade que algumas pessoas vêm e vão, e que às vezes nos sentimos mais ligados a uma do que a outra. No entanto, sabemos que podemos contar com nossos verdadeiros amigos sempre que precisamos. Podemos estar em um país longínquo ou morando a apenas alguns minutos uns dos outros. Em nosso coração, eles estão sempre presentes, enriquecendo-nos e abençoando-nos, mesmo quando todo o resto está caindo aos pedaços.

2 comments:

  1. É isso aí, Dete! É assim que me sinto "perdida" em Cuiabá. Tem horas que dá o desejo de voltar (Pra onde?), mas também já tenho alguns laços e amigos por aqui e sigo ficando ... Bjs

    ReplyDelete