Thursday, July 16, 2009

A Trip To Bolivia (Uma viagem À Bolívia)


I was eating my peanut butter sandwich in the kitchen and looking at the pictures that I have on the wall. And there she was, the Bolivian “colla,” selling hats, pocketbooks and other stuff. I had seen her so many times, not only in pictures but also in real life, that she seemed very familiar to me. However, we barely exchanged a few words in all the time that I lived in Corumba, Brazil, and used to go with my family to Puerto Suárez, Bolivia, to buy perfumes, whiskey, and other goods.

When I was growing up, a visit to Bolivia was something to look forward to. We piled in our car and drove for about ½ hour, braving the 100 degree heat and the dusty and bumpy road to get to the border. The Brazilian soldiers would just wave us to proceed, then we would cross a small brook, be greeted by some sleepy Bolivian soldiers who would examine our papers, and continue on our way to the stores.

Nowadays, Puerto Quijarro, the Bolivian town closer to Corumba, has a very active street market and there is no need to drive all the way to Puerto Suárez. But, many years ago, we made the trip to Puerto Suárez to hit the stores. My mother always had a list of things that she wanted to buy. For us, children, the town had many attractions: houses almost falling apart, reminding us of old cowboys movies where the bad guy would get shot in the central square after leaving a saloon, children playing outside their house in their underwear, stray dogs parading the streets followed by chickens, and the river Paraguay stretching lazily behind the town. The river held the most interesting sight for my sisters and I: Bolivian men swimming naked! Unfortunately, my mother didn’t share our opinion and would always insist on dragging us to the stores.

The collas that sold the merchandises moved at the same rhythm of the town: slow, deliberate, as if time was of no consequence. I loved to admire their long skirts and braided hair, and I was always puzzled by their face that, for some reason, never smiled.

Now, looking at the picture in my kitchen, I still wonder why the collas never seemed happy. But, I guess, the entire trip to Puerto Suárez always left me with the impression that I had gone back in time, to a place where life had a meaning that intrigued me but I was never able to grasp.

UMA VIAGEM Á BOLÍVIA

Eu estava na cozinha comendo meu sanduíche com manteiga de amendoim, olhando para as fotos na parede, e me deparei com a foto da "colla" boliviana, vendendo chapéus, carteiras e outras coisas. Já a vi tantas vezes, não só na foto mas também na vida real, que ela me parece muito familiar. No entanto, mal conversamos em todo o tempo que morei em Corumbá, Brasil, e ia frequentemente com minha família para Puerto Suárez, na Bolívia, para comprar perfumes, uísque e outras mercadorias.

Quando eu era pequena, uma visita à Bolívia era uma coisa que esperávamos com ansiedade. Entrávamos no nosso carro animadas e dirigíamos mais ou menos ½ hora, enfrentando o calor de quase 40 graus, a poeira e a estrada esburacada até chegar à fronteira. Os soldados brasileiros nos acenavam para seguir adiante. Atravessávamos um pequeno riacho, parávamos em frente dos sonolentos soldados bolivianos que examinavam nossos documentos, e continuávamos em direção às lojas.

Atualmente, Puerto Quijarro, a cidade boliviana mais próxima de Corumbá, tem uma feira de rua bem grande e não há necessidade de dirigir até Puerto Suárez. Mas, há muitos anos, íamos a Puerto Suárez para fazer compras. Minha mãe sempre tinha uma lista de coisas que queria comprar. Para nós, crianças, a cidade propriamente dita tinha muitas atrações: casas quase desmoronando, lembrando-nos dos antigos filmes de cowboys onde o bandido levava um tiro na praça central depois de sair de um bar, crianças brincando em frente às casas só de calcinhas ou cuecas, cachorros vira-lata passeando pelas ruas seguidos por galinhas, e o rio Paraguai se espreguiçando atrás da cidade. O rio tinha a atração mais interessante para eu e minhas irmãs: homens bolivianos nadando nus! Infelizmente, minha mãe não partilhava da nossa opinião e sempre insistia em nos arrastar para as lojas.

As collas vendiam suas mercadorias no mesmo ritmo da cidade: devagar, calmamente, como se o tempo não tivesse nenhuma importância. Eu gostava de admirar suas saias compridas e seus cabelo com tranças, e ficava intrigada pensando por que elas nunca sorriam.

Até agora, olhando a foto na minha cozinha, ainda me pergunto por que as collas nunca pareciam felizes. Mas, admito que essas viagens a Puerto Suárez sempre me deixaram com a impressão de que eu tinha voltado atrás no tempo, viajando para um lugar onde a vida tinha um significado que me intrigava mas nunca fui totalmente capaz de entender.

2 comments:

  1. Também tenho boas lembranças dessas idas à Bolívia. O seu texto me levou lá, mais uma vez.

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  2. I also have good memories from those days in Bolivia.
    And your text took me there once more.

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