Saturday, December 4, 2010

On the Paraguay River (No rio Paraguai)


The giant otter is eating a fish with its head out of the water. It doesn’t appear to be in a hurry at all, like everything else in the swamp called “Pantanal” in the Midwest of Brazil. The giant otter savors its fish feeling safe: no other carnivorous mammal is going to bother it. The otter can be very dangerous.

On the other side of the Paraguay River, the alligators hide from view among the brown vegetation. They pretend to be logs and it takes awhile for one to distinguish them among the twigs. Only their eyes shine without blinking. Their body remains motionless, but the captain of the boat warns us that the alligators can attack when threatened.

A little bit farther, a flock of wild turkeys eat and play on the bank of the Paraguay, unconcerned by the cows and horses that graze on the distance. Small houses can be seen here and there. They are very close to the water and will be swallowed by the river when the time of the flood arrives. It is part of the cycle of life and is accepted without complaint by the “pantaneros”, the people who live in the Pantanal region.

A solitary egret walks with confidence in the water, its yellow beak leading its white and elegant body. The egret doesn’t look as social as the wild turkeys but, like them, it seems to belong in that place and is happy there.

Two boys fish with their father in silence, concentrating on the task of putting some bait on their fishing poles. Farther down, two men take out their fishing nets but we can’t see if they were able to catch any fish.

The boat glides slowly, parting the waters and making us wonder about what lays below. The brown water may conceal many dangers, but looking around us we can feel only the peace and beauty of the place. We are warmed by the sun and a gentle breeze touches our faces. For awhile, we forget there is a world out there where people are killing each other, competing for jobs and for success. Sliding down the Paraguay River, we are in communion with nature. Our hearts sing. Time stands still. We don’t need anything else to be happy.

No rio Paraguai

A ariranha come um peixe levantando a cabeça fora da água. Como todos os animais do pantanal, ela não parece estar com nenhuma pressa. Saboreia seu peixe sentindo-se segura: nenhum outro mamífero carnívoro vai incomodá-la. A ariranha pode ser muito perigosa.

Do outro lado do rio Paraguai, os jacarés escondem-se entre a vegetação marrom. Fingem que são troncos de árvores e levamos um tempão para distingui-los entre os galhos. Apenas os seus olhos brilham sem piscar. Seus corpos permanecem imóveis, mas o capitão do barco nos avisa que os jacarés atacam quando se sentem ameaçados.

Um pouco mais adiante, perus selvagens comem e brincam nas margens do Paraguai, sem se preocuparem com as vacas e cavalos que pastam à distância. Uma casa pequena pode ser vista aqui e ali, bem perto da água. Serão engolidas pelo rio, quando a época das enchentes chegar. Isso faz parte do ciclo da vida que é aceita sem queixas pelos "pantaneiros", as pessoas que vivem na região do Pantanal.

Uma garça solitária caminha com confiança sobre a água, o bico amarelo à frente de seu corpo branco e elegante. A garça não é tão sociável como os perus selvagens, mas, como eles, parece pertencer ao lugar e ser feliz no pantanal.

Dois meninos pescam com o pai em silêncio, concentrando-se na tarefa de colocar isca nos anzóis. Mais abaixo, dois homens puxam suas redes da água, mas não conseguimos ver se eles pescaram alguma coisa.

O barco desliza lentamente pela água e nos faz pensar sobre o que se esconderá nas profundezas dela. A água marrom pode encobrir muitos perigos, mas olhando a nossa volta só sentimos a paz e a beleza do lugar. O sol nos aquece e uma brisa suave acaricia nossos rostos. Por um tempo, esquecemos que existe um mundo onde as pessoas se matam, competem por empregos e por sucesso. Deslizando pelo rio Paraguai, estamos em comunhão com a natureza. Nossos corações cantam. Só o presente existe neste momento. Não precisamos de mais nada para sermos felizes.

Photo: Bernadete Piassa

2 comments:

  1. Gostei das mnudanças no Brazilian Soul.
    Belo texto! Saudades do rio Paraguai ...
    Ainda bem que vou passar o Natal em Cáceres, às margens desse rio majestoso.
    Bjs

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