Sunday, February 28, 2010
CHOICES (Escolhas)
Yesterday I went to the movies with my friend to watch Shutter Island, directed by Martin Scorsese, with Leonardo DiCaprio in the starring role. My friend told me it was a thriller, and the reviewers were not even describing what it was about so they wouldn’t spoil the suspense. I love thrillers. So, I was very excited to go see this one.
We took our seats and got ready to watch the movie. While we waited for it to start, I watched the people parading in front of me. All sorts of people entered the movie theater, most of them balancing huge buckets of popcorn and sodas. The whole place smelled like food.
Then, the theater got dark and the commercials were on. My friend found some of them very funny. I couldn’t understand why. He is American and I am Brazilian. We usually laugh at different things…
Finally, the movie started. Leonardo DiCaprio was very impressive as this U.S. marshal assigned to investigate the disappearance of a patient from a hospital on Shutter Island. The mental hospital had electric wires and policemen monitoring the grounds. The mental patients had no means of escape, but one did. There were many scenes with mental patients being very mental, policemen being very mean, and the movie got darker and darker. A hurricane cut off all communication with the mainland, and the U.S. marshal began to doubt everything little by little - his memory, his partner, even his own sanity.
In the beginning, I was enjoying the movie. Then, I started to wonder why I had gone to watch a movie which made me think about insanity and played on my deepest fears. Don’t I have enough demons of my own?
I closed my eyes and started thinking about the Spiritist Center to where I go once a week. Last Wednesday, the lady who is in charge of the Center with her husband was leading a discussion about the power of our thoughts. She was saying that if someone were to tell her that she had cancer, she might believe it or not. But if everybody were to tell her that she had cancer, she would believe it. Pretty soon, she would be in a hospital with all symptoms of cancer. She was explaining about the vibrations that we all send to each other, and how they affect us, even when we don’t want and aren’t aware of them.
And there I was in a movie theater, with a lot of people who were all feeling fear… Nobody there was thinking good thoughts. We were all confused, not knowing what to think: Was the marshal sane or not? Was there a conspiracy going on in the hospital or not? Nobody would leave that movie theater in high spirits. After seeing all that suffering going on and doubting everything, I definitely wasn’t going to tell my friend: “Honey, isn’t this a beautiful day? Let’s go pick some flowers…”
I guess my point is that life is made of choices. Me, I have decided that I don’t want to watch violent movies anymore. I have seen enough movies with people dying in concentration camps, lunatics getting electric shocks in hospitals, children being kidnapped by serial killers and suffering a very slow death… Do I need all these dark scenes brought to me courtesy of Hollywood? I would rather concentrate on the bright side of life. I am not going to escape from the reality. I love to read the news and will continue to do so. I just don’t want to contribute to create a sense of insecurity, adding more bad feelings to a world that decidedly doesn’t need more of them. Our lives are too
short to waste time with sorrow created under the disguise of entertainment.
ESCOLHAS
Ontem fui ao cinema com meu amigo para assistir Shutter Island, dirigido por Martin Scorsese, com Leonardo DiCaprio no papel principal. Meu amigo me disse que era um filme de suspense, e os críticos nem queriam comentar o roteiro para não estragar o suspense. Adoro suspenses. Estava muito animada para ir ao cinema.
Nós nos sentamos e nos preparamos para assistir ao filme. Enquanto não começava, fiquei observando as pessoas que passavam na minha frente. Todo tipo de gente entrou no cinema. A maioria equilibrava bandejas enormes com pipoca e refrigerantes. O cinema todo cheirava a comida.
Depois de um tempo, a sala ficou escura e os comerciais começaram. Meu amigo achou alguns deles muito engraçados. Não consegui entender o porquê. Ele é americano e eu sou brasileira. Costumamos rir de coisas diferentes ...
Finalmente, o filme começou. Leonardo DiCaprio estava ótimo como um agente federal dos EUA, designado para investigar o desaparecimento de uma paciente de um hospital na ilha de Shutter. O hospital psiquiátrico era cercado por fios elétricos e os policiais faziam a ronda do local o tempo todo. Os doentes mentais não tinham como escapar, mas um tinha fugido. Havia muitas cenas com doentes mentais parecendo muito loucos, policiais sendo muito ruins, enquanto o filme ia ficando mais e mais pesado. Depois de um furacão, as comunicações com o continente foram cortadas. O agente federal pouco a pouco começou a duvidar de tudo – de sua memória, do seu parceiro, até da sua própria sanidade.
No início, estava gostando do filme. De repente, comecei a me perguntar por que tinha ido assistir a um filme que me fazia pensar sobre a loucura e trazia à tona meus medos mais profundos. Será que já não me bastavam os demônios criados por mim mesma?
Fechei os olhos e comecei a pensar sobre o Centro Espírita onde vou uma vez por semana. Quarta-feira passada, a senhora que organiza o Centro com seu marido estava discutindo sobre o poder dos nossos pensamentos. Explicava que se alguém lhe dissesse que ela tinha câncer, ela poderia acreditar ou não. Mas se todo mundo insistisse que ela tinha câncer, acabaria acreditando. Logo estaria num hospital com todos os sintomas de câncer. Ela estava ensinando sobre as vibrações que enviamos uns aos outros, e como elas nos afetam, mesmo quando não queremos e não estamos cientes delas.
E lá estava eu num cinema, com um monte de pessoas sentindo medo… Ninguém ali tinha nenhum pensamento positivo. Estávamos todos confusos, sem saber o que pensar: Será que o agente federal era são ou não? Será que havia uma conspiração no hospital ou não? Ninguém iria sair do cinema contente. Depois de ver todo aquele sofrimento e passar horas duvidando de tudo, eu definitivamente não ia dizer para meu amigo: "Querido, hoje não está um lindo dia? Vamos colher algumas flores?"
Estou tentando dizer que a vida é feita de escolhas. Quanto a mim, decidi que não quero mais assistir a filmes violentos. Já vi muitos filmes com pessoas morrendo em campos de concentração, lunáticos recebendo choques elétricos em hospitais, crianças sendo sequestradas por assassinos seriais e sofrendo morte lenta ... Será que preciso de todas essas cenas atrozes trazidas para mim como cortesia de Hollywood? Prefiro concentrar-me no lado bom da vida. Não vou fugir da realidade. Gosto de ler notícias e continuarei a lê-las. Só não quero contribuir para criar um sentimento de insegurança geral, adicionando sentimentos ruins a um mundo que decididamente não precisa deles. Nossa vida é muito curta para perdermos tempo com desgraças criadas sob o disfarce de diversão.
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É impressionante como a gente, a distância, pensa tão parecido.
ReplyDeleteQuando leio sobre um filme, mesmo de um diretor bom, que tem cenas muito chocantes, tenho optado por não vê-lo. Elas me impressionam muito e me fazem sofrer. Eu me questiono se ver aquilo vai me tornar um ser humano melhor e mais consciente. Acho que não. Muitas vezes é só a violência como "entretenimento", uma forma de catarse coletiva.
Mas essa é uma discussão muito interessante.