Sunday, January 17, 2010
En Route to Brazil (A caminho do Brasil)
On Tuesday, I will spend hours and hours in airports. While I wait for my flights, I will try to read, write, or just watch the other travelers. But I already know that nothing will quiet my mind. I am anxious: I can’t wait to get to Brazil. Tomorrow, I will take my suitcases from the basement and start packing. However, in my mind I am already traveling. I am already in Brazil, listening to people speaking Portuguese, enjoying the warm weather, eating delicious food, and laughing because I am so happy to be home.
My daughter asked me what I was looking more forward to on my trip. I couldn’t tell her exactly. How can I pinpoint just one thing? There are so many reasons to be happy, so many aspects of the Brazilian life that I can’t wait to experience again. My first stop will be Rio de Janeiro, where I will be landing at the Antonio Carlos Jobim Airport. Now, let me ask: Which country in the world has an airport named after a composer and singer, who created the Bossa Nova? This could happen only in Brazil.
For the last weeks, I have been following a discussion of Brazilians who live outside Brazil and belong to an Internet group at the site LinkedIn. So far, there are more than 130 comments on the topic “what we miss about our country.” The list is enormous, starting with family and friends, continuing to music, the slower pace of life, long vacations, breakfast in the bakery, “chopps” with friends, drinks of passion fruit, cheese bread and so on. Many Brazilians mention the loud laughter, the constant teasing without worrying about hurting anyone’s feelings, and the pleasure of living life in all its intensity. Most of us talk about Brazil with saudade – a word that exists only in the Portuguese language and means that a person is missing someone or something.
I picture myself arriving in Brazil and I know, since the beginning, it will be different from here in the US. In the Rio de Janeiro airport, there will be cleaners with brooms sweeping the floor everywhere. In Brazil there is always someone sweeping the floor or washing it. There will be women wearing high heels so high, that it is hard to imagine how they can even walk. There will be bakeries with so many different kinds of cakes that it will be almost impossible to decide which to try first. There will be “cafezinho”, the coffee served in a small cup that is so strong that keeps anyone awake for a long time. And there will be lots of confusion, because all the Brazilians will be talking at the same time.
In the taxi to Ipanema, I will pass many beaches where the water is sky blue and the palm trees shake their leaves as if dancing a sensual dance. On the sand, I will see many volleyball nets and many young people engaged in the game. A little bit farther, there will be others playing soccer. Beautiful girls, dressed in the smallest of bikinis, will be tanning themselves. Vendors will be walking up and down the beach, offering a little of everything: mango and lime popsicles, jewelry, coconut water, hammocks, hats, barbecue, and all other sort of merchandise.
I will arrive at my aunt’s building where the doorman, who hasn’t seen me since 2007, will greet me with an enormous smile. In my aunt’s apartment, there will be kisses, hugs, and more hugs waiting for me. Later I will take a shower and wash with febo – the dark Brasilian soap. My aunt and I will go to grab some lunch at a restaurant where we will put as much food on our plate as we want, and then weigh it to pay by the kilo. After lunch, back in the apartment, the relatives will start coming. Pretty soon, the apartment will be crowded with all my relatives that just had to stop for a little bit to say hi but instead decided to stay for a long while.
The night will find me laying in my bed trying to understand once more why I had to leave Brazil long ago and come to live in the US. I will feel a mixture of sadness, for having left, and happiness, for visiting. But I will certainly fall sleep knowing that, even after living for 24 years in the US, Brazil is still my country. The place where I don’t need to repeat myself because people can understand what I say, where the jokes make sense to me, and where the warmth that radiates from the people will always fill my heart with joy.
A CAMINHO DO BRASIL
Terça-feira, passarei horas e horas em aeroportos. Enquanto espero meus voos, tentarei ler, escrever, ou apenas olhar os outros viajantes. Mas já sei que nada me deixará tranquila. Estou ansiosa: Mal posso esperar para chegar ao Brasil. Amanhã, pegarei minhas malas do porão e começarei a arrumá-las. No entanto, na minha cabeça já comecei a viajar. Já estou no Brasil, ouvindo pessoas falando português, curtindo os dias ensolarados, comendo comidas deliciosas, e rindo porque me sinto tão feliz por estar em casa.
Minha filha me perguntou outro dia o que me deixava mais animada com a viagem. Não soube explicar exactamente. Como posso separar apenas uma coisa? Há tantos motivos para querer ir ao Brasil, tantos aspectos da vida brasileira que estou louca para experimentar outra vez. Minha primeira parada será no Rio de Janeiro, onde desembarcarei no Aeroporto Antonio Carlos Jobim. Agora, deixe-me perguntar: Que país no mundo tem um aeroporto com o nome de um cantor e compositor, que criou a Bossa Nova? Isso poderia acontecer só mesmo no Brasil.
Nas últimas semanas, tenho acompanhado uma discussão de brasileiros que vivem fora do Brasil e pertencem a um grupo na Internet, no site LinkedIn. Até agora, foram colocados mais de 130 comentários sobre o tema "Saudades do Brasil." A lista de coisas das quais sentimos falta é enorme, começando com a família e amigos, continuando com música, ritmo de vida, férias longas, café da manhã na padaria, "chopps" com os amigos, batidas de maracujá, pão de queijo e assim por diante. Muitos brasileiros lembram das risadas, das brincadeiras constantes sem se preocupar em ferir os sentimentos de ninguém, e do prazer de viver a vida em toda a sua intensidade. A maioria de nós fala sobre o Brasil com saudade - uma palavra que só existe no idioma Português e significa que uma pessoa está sentindo falta de alguém ou algo.
Imagino-me chegando ao Brasil e sei que, desde o início, será diferente daqui dos EUA. No aeroporto do Rio de Janeiro, por toda parte haverá garis com vassouras limpando o chão. No Brasil, há sempre alguém varrendo ou lavando as coisas. Haverá mulheres com sapatos de saltos tão altos, que é difícil imaginar como podem andar. Haverá padarias com tantos tipos diferentes de bolos, que será quase impossível decidir qual comer primeiro. Haverá "cafezinho", o café servido numa xícara pequena, tão forte que deixa qualquer um acordado por muito tempo. E haverá muita confusão, porque todos os brasileiros estarão falando ao mesmo tempo.
No táxi a caminho de Ipanema, passarei por muitas praias onde a água é azul como o céu e as palmeiras balançam suas folhas como se estivessem dançando uma dança sensual. Na areia, verei inúmeras redes de voleibol e uma porção de jovens jogando partidas animadas. Um pouco mais adiante, haverá outros jovens jogando futebol. Moças lindas, usando biquínis mínimos, estarão se bronzeando. Os vendedores andarão pela praia de cima para baixo oferecendo um pouco de tudo: picolés de manga e de limão, bijouterias, água de coco, redes, chapéus, churrasquinhos, e muitas outras coisas.
Chegarei no prédio da minha tia onde o porteiro, que não me viu desde 2007, me cumprimentará com o maior sorriso. No apartamento da minha tia, serei recebida com beijos, abraços e mais abraços. Mais tarde tomarei um banho com sabonete Febo - o sabão escuro brasileiro. Eu e minha tia iremos almoçar num restaurant de quilo, onde nos serviremos, pesaremos a comida e pagaremos por quilo. Após o almoço, de volta ao apartamento, a família começará a aparecer. Em breve, o apartamento estará lotado com todos os parentes que passaram apenas para dizer um oi mas acabaram ficando um tempão.
A noite me encontrará na cama tentando entender mais uma vez porque resolvi sair do Brasil há muito tempo e vir morar nos EUA. Sentirei uma mistura de tristeza, por ter deixado meu país, e felicidade, por estar visitando-o. Mas certamente cairei no sono sabendo que, mesmo depois de ter vivido fora do Brasil 24 anos, ainda considero o Brasil meu país. O lugar onde não preciso me repetir, porque as pessoas entendem o que digo, onde acho as piadas engraçadas, e onde o calor que emana do povo sempre encherá meu coração de alegria.
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Oi Bernadete, ótimo texto. Sou carioca e moro na Australia, sou casada com um australiano, mas penso em voltar ao Brasil. Morro de saudades! Vc se arrepende de ter ido morar nos EUA? Se pudesse voltar ao tempo, teria ficado? Eu não tenho filhos e penso muito nisso... apesar de ganhar mais na Australia, aqui é muito longe... Abraços e boa viagem, Vera
ReplyDeleteOi Vera,
ReplyDeleteObrigada pelo comentário. Me arrependo muito de ter vindo pra cá, principalmente por causa dos meus filhos.. Eles cresceram sem saber o que era passar o dia na casa da avó, dormir na casa da tia, ter milhões de primos e amigos. Os primos deles, que ficaram lá, agora estão tão bem financeiramente quanto os meus filhos aqui. Além do mais, acho a cultura daqui muito fria. Tenho certeza de que, na minha velhice, gostaria muito mais de estar falando português do que inglês. Mas (e todos nós que estamos aqui temos um mas, né?) meus filhos estão aqui e é tarde demais para voltar. Eles nem considerariam a idéia de voltar ao Brasil. Nasceram lá, mas se tornaram americanos.
Vou tentar curtir muito minha visita ao Brasil. Espero que, como sempre, volte cheia de histórias para escrever.
Que bela forma de demonstrar o significado de ter saudade do Brasil.
ReplyDeleteSincerely,
Isidoro
Enjoy some desserts for me! Love,
ReplyDeleteCleo