Photo: Olivia Gissing |
Six years ago I was in a train from Ollantaytambo to Aguas
Calientes, in Peru, on my way to Machu Picchu. The train was relatively new,
but already had many leaks in the roof. Among the countless young people who
travelled on board, I spotted a woman about my age. We sat together and while
the train slowly climbed the mountains, crossing the Inca Trail, we tried to
forget the water dripping over our heads and we talked. I told her I was
traveling by myself and she admired my courage because she was part of a group
tour. She told me she was English and lived in Los Angeles, but she was going
to retire in the UK and had already bought a house there. I admired the fact
that she was already planning for retirement. Listening to her, I thought I
should start planning for mine as well and decided that, from that day on, I
would travel to many places in the US and Brazil, trying to figure out the best
place for me to live out my old age.
The years passed. I traveled to many cities that struck my
imagination but never considered seriously if they were good for retirement or
not. Knowing that I am going on vacation this week and aware of my decision to
investigate possible retirement places, my daughter asked me if my trip had
this purpose. Well, I am going to the northeast of Arizona, to visit the Hopi
and Navajo reservations. I don’t think I could retire there. It looks like once
more I am choosing an adventure instead of concentrating on planning for the
future…
This year I have been forced to think a lot about old age
and death. I am confronted with the problem weekly, when I go to do reiki on a
lady who is in hospice care, dying. Recently,
my aunt passed away suddenly, causing me to ponder the fragility of life. I am
not afraid of death. It is all the planning that leaves me feeling up in the
air, unsettled.
My sister sent me an interesting article about how confused
children become when they have to deal with an aging parent. I am aware that I
don’t want to be a burden for my children. How can I avoid that, if I don’t even
know where I want to live in my old days? I imagine that for someone who always
lived in the same place, this is not a problem. The probabilities are that he
will continue where he is. Since I lived in so many places, it is difficult to
decide where to plant my roots as I grow old.
Old age, it turns out, is not a matter to be dealt with
lightly. Nowadays, there are countless seminaries teaching the best steps to
prepare for the time one gets old, including financial, emotional, and physical
aspects of it. All of them seem to discuss interesting ideas. How to decide
which way is the best way?
The idea of getting old with friends, shown in many movies,
is very appealing. But how about the very end, when a hospital or a retirement
home becomes almost unavoidable? Like
most people, I would like to die at home. Considering that 80% of people, at
least in the US, die either in a hospital or a retirement home, to die at home
would require a lot of planning and assistance.
I have seen many old people living in a luxurious retirement
home, surrounded by many amenities that they can’t even see anymore, let alone
enjoy. All their needs are attended to. If they even sneeze, there is a nurse
asking what is going on. They receive such good care, that their death takes
forever and they spend years in these golden cages from which the only exit is
death. Do I want that for me? Even though the life expectancy in the US is 79
years (in Japan, Switzerland and San Marino, countries that have the highest
life expectancy, it is 83 years old, and in Brazil, it is 74 years old) there
are a lot of people older than 100 living in retirement homes. Some of them
spend more than 10 years there because their children thought they were going
to die much sooner and sent them away. So sad…
The time when an old person was considered a source of
wisdom and was looked after by their children is fast coming to an end, at
least in the most developed countries. Nowadays, someone approaching old age
needs to make their own plan. And even if the person chooses an ideal place to
live and move there while still young, destiny can intervene and send the
person to another place. A friend of mine was ready to retire in South
Carolina. When her son got very sick in Maine, she was forced to move there and
change all of her plans.
Life is unpredictable and we can’t cover all possibilities. Still,
maybe we should at least decide if we want to be home until our last day, and
what kind of assistance this would require, what type of retirement home we
would like to go to, in case we are forced to opt for this, if we want to be
kept alive in the event of a coma, and who will make medical decisions for us,
if we become incapacitated. It might sound silly, but we should also think
about small things that would annoy us a lot, in our old days, and take steps
to prevent them from happening. For example, I couldn’t bear to be in a place
where people would leave the TV or a radio on in my bedroom, convinced that I
needed some company, when I always loved the silence.
I can’t decide about where to live yet, and I am sure any
plan I make will keep changing. But at least I can put “no TV and no radio in
the bedroom” on my wish list for old age.…
Plano n º 63 para a velhice
Seis anos
atrás eu estava num trem indo de Ollantaytambo para Aguas Calientes, no Peru, a
caminho de Machu Picchu. O trem era relativamente novo, mas já tinha muitas goteiras
no telhado. Entre os inúmeros jovens que viajavam a bordo, vi uma mulher da
minha idade. Nós nos sentamos juntas e enquanto o trem subia lentamente as
montanhas, cruzando a Trilha Inca, tentamos esquecer da água pingando sobre as
nossas cabeças e batemos papo. Eu lhe disse que viajava sozinha e ela admirou a
minha coragem, já que estava numa excursão. Ela me disse que era inglesa e
vivia em Los Angeles, mas ia se aposentar na Inglaterra e já tinha até comprado
uma casa lá. Eu a admirei por estar planejando sua aposentadoria. Ao ouvi-la, pensei
que eu deveria começar a planejar a minha também e decidi que, a partir daquele
dia, iria viajar para muitos lugares nos EUA e no Brasil com o objetivo de descobrir
o melhor lugar para viver quando ficasse idosa.
Os anos passaram. Viajei para muitas cidades interessantes, mas nunca considerei
seriamente se eram boas ou não para os aposentados. Minha filha, que sabia dos
meus planos de investigar um lugar bom para eu morar mais tarde e que também
sabia que eu ia viajar de férias nesta semana, me perguntou se minha viagem
tinha esse propósito. Bem, eu estou indo para o nordeste do Arizona, para
visitar as reservas dos índios Hopi e Navajo. Não acho que poderia me aposentar
lá. Parece que mais uma vez optei por uma aventura em vez de me concentrar no
planejamento para o futuro ...
Este ano fui
forçada a pensar muito sobre a velhice e a morte. Sou confrontada com o
problema semanalmente, quando vou fazer reiki numa senhora que está em cuidados
paliativos, quase morrendo. Recentemente, minha tia faleceu subitamente, levando-me
a refletir sobre a fragilidade da vida. Não tenho medo da morte. É todo o
planejamento que me deixa perplexa.
Minha irmã
me enviou um artigo interessante sobre como os filhos ficam confusos quando têm
de lidar com seus pais idosos. http://revistaepoca.globo.com/Sociedade/eliane-brum/noticia/2013/04/esses-filhos-perplexos-diante-da-velhice-dos-pais.html Sei que não quero ser um peso para meus filhos.
Como posso evitar isso, se nem sei onde quero
viver na velhice? Imagino que para alguém que sempre morou no mesmo lugar, isso
não seja um problema. As probabilidades são de que essa pessoa continue onde
está. Como já morei em tantos lugares, é difícil para mim resolver onde plantar
minhas raízes e envelhecer.
A velhice,
ao que parece, não é uma questão para ser tratada com frivolidade. Hoje em dia,
existem inúmeros seminários ensinando as melhores maneiras para se preparar
para a terceira idade, incluindo os aspectos financeiros, emocionais e físicos.
Todos esses seminários parecem discutir ideias interessantes. Como decidir qual
é o melhor caminho?
A ideia de
envelhecer com os amigos, discutida em alguns filmes, é muito atraente. Mas e
quando chega a hora final, quando um hospital ou casa de repouso torna-se quase
inevitável? Como a maioria das pessoas, eu gostaria de morrer em casa.
Considerando-se que 80% das pessoas, pelo menos nos EUA, morrem em hospitais ou
em casas de repouso, a opção de morrer em casa exige muito planejamento e assistência.
Já vi
muitas pessoas idosas morando em casa de repouso luxuosas, cercadas por todo
tipo de conforto que elas não podem nem ver mais e muito menos aproveitar.
Todas as suas necessidades são atendidas. Se espirram, aparece uma enfermeira
perguntando o que está acontecendo. São tão bem cuidadas, que levam uma
eternidade para morrer e passam anos nessas gaiolas de ouro, das quais a única
saída é a morte. Será que quero isso para mim? Apesar de a expectativa de vida nos
EUA ser de 79 anos (no Japão, Suíça e San Marino, os países com a mais alta
expectativa de vida, é de 83 anos de idade e, no Brasil, de 74 anos), há um
monte de idosos, com mais de 100 anos, morando nesses lugares. Alguns deles estão
ali há mais de 10 anos, porque seus filhos pensavam que iam morrer muito mais
cedo e os mandaram para lá. Tão triste ...
O tempo em
que uma pessoa de idade era considerada uma fonte de sabedoria e cuidada pelos
filhos está rapidamente desaparecendo, pelo menos nos países mais
desenvolvidos. Hoje em dia, quem envelhece precisa fazer seu próprio plano. E
mesmo se a pessoa escolhe um lugar ideal para viver e se muda para lá ainda
jovem, o destino pode intervir e mandar a pessoa para outro lugar. Uma amiga minha
estava pronta para se aposentar na Carolina do Sul. Quando seu filho ficou
muito doente, no Maine, ela foi forçada a se mudar para lá e refazer todos os
seus planos.
A vida é
imprevisível e não podemos cobrir todas as possibilidades. Ainda assim, talvez
devêssemos pelo menos decidir se queremos ficar em casa até o último dia de
vida, e que tipo de assistência isso iria requerer, para que tipo de casa de
repouso gostaríamos de ir, caso fôssemos forçados a optar por isso, se queremos
ser mantidos vivos, no caso de entrar em coma, e quem tomará as decisão médicas
por nós, se nos tornarmos incapacitados. Pode parecer bobagem, mas também
devemos pensar em pequenas coisas que realmente nos incomodam e tomar providências
para evitá-las na nossa velhice. Por exemplo, eu não ia suportar estar num
lugar onde as pessoas iriam deixar a TV ou o rádio ligado o tempo todo no meu
quarto, convencidos de que eu precisava de alguma companhia, pois sempre amei o
silêncio.
Não consigo
decidir ainda onde viver na minha terceira idade, e tenho certeza de que
qualquer plano que eu fizer vai continuar mudando. Mas, pelo menos, posso
colocar "não ponham nem TV e nem rádio no quarto" na minha lista de
desejos para a velhice ....
O que sempre se espera é poder estar junto às pessoas que amamos. Nenhum luxo supre a necessidade de atenção e carinho.
ReplyDeleteObrigada pela mensagem. Não entendi porque não a deixou no blog (rss). Entre e fique à vontade. Bjs.
Oi, Dete, o futuro nos preocupa, pois, ele é uma incógnita. Certamente, temos débitos de vidas passadas a resgatar e, assim sendo, não sabemos como será o nosso fim. Por enquanto, vamos fazendo o nosso melhor, plantando boas sementes para que "as futuras " colheitas sejam, cada vez mais suaves. Aplicar reiki é plantar boa semente, rs. Beijos e muita paz!
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