Two weeks ago, I finished reading a book that left me very
dissatisfied. The book was Secrets of Eden, by Chris Bohjalian, an author who I
usually enjoy reading. This specific book was about a couple’s murder and the
repercussions it has in the lives of the family, friends, and the town in
general. Guilt, suspicion, shame, many emotions arise… Until almost the end, I
was really liking the book and thinking about recommending it to some people.
All of a sudden, the story ended with only a phrase about who was the killer,
without explaining how she had committed the crime or why the person who helped
her conceal it had done so. I felt cheated, like saying: what, I read more than
200 pages of your book, I stay with you throughout your entire story, and at
the end you can’t even bother writing a page with explanations? It seemed as if
the author either got suddenly tired or just decided that the reader should
figure out by himself what really happened.
After I finished reading the book, I felt like writing a
blog about unfinished businesses. After all, aren’t they annoying? There is
nothing worse than the feeling that there is not a conclusion, not a
resolution, that something is almost there but not entirely present... We like
our lives to be tidy and orderly like a Hollywood movie, where everything has a
beginning, a middle and, preferable, a happy ending. Unfinished business leaves
us frustrated. Think for example about all these children who were killed in
that horrible attack in the small town of Connecticut, in the US. They didn’t
have a full life. They went away before their time leaving behind so much
sadness and questions. Or the young adults who died in the nightclub in Santa
Maria, Brazil. They didn’t have time to fulfill all their dreams…
Most of us are not famous like Bill Clinton or Jane Fonda,
who already published their biographies, but as we live all of us write the
story of our lives. Are we satisfied with what we have written so far, or do we
still have unfinished business that need to be tended to, so there are no loose
ends if we depart suddenly? Do we still
have a list of things that we are going to do but not today, maybe tomorrow? I
wonder how many of these young people who died were going to write a letter to
their mother saying that they loved her, but postponed it to the following day.
How many were going to say that they were sorry for something but decided that
this could wait. How many didn’t live the present because they were worried
about the future…
I kept musing about unfinished business for days. Somehow, I could never finish the blog. I
couldn’t reach a conclusion about it or even understand why I was writing it
after all. Then it dawned on me that words have power and I was never going to
find a good end for a blog about unfinished business. So, I decided to end it
here, with an unsatisfactory end, leaving a lot to be said and to think about.
After all, life is always a process of building things and we won’t end this
process even if we leave this world and pass to the next one.
Negócios
inacabados
Há duas semanas,
terminei de ler um livro que me deixou muito insatisfeita. O
título do livro era Segredos do Éden, de Chris Bohjalian, um autor de quem
costumo gostar. Esse
livro era sobre o assassinato de um casal e as repercussões que isso acarreta
na vida da família, dos amigos, e da cidade em geral. Culpa,
suspeita, vergonha, muitas emoções vêm à tona ...
Até quase o
final, eu estava gostando muito do livro e pensando em recomendá-lo para
algumas pessoas. De
repente, a história terminou com apenas uma frase sobre quem era a assassina,
sem explicar como ela havia cometido o crime, ou por que a pessoa que a ajudou
a escondê-lo fez aquilo. Eu
me senti enganada, com vontade de dizer: puxa, li mais de 200 páginas de seu livro, fiquei
aqui ao seu lado durante sua história inteira, e no final você não pode nem se incomodar
em escrever uma página com explicações? Tive
a impressão de que o autor de repente se cansou ou simplesmente decidiu que o
leitor devia descobrir por si mesmo o que realmente aconteceu.
Depois que terminei de ler o livro, fiquei com vontade de escrever um blog sobre negócios inacabados. Afinal, eles são tão irritantes... Essa sensação de que não há uma conclusão, não há uma resolução, de que algo está por perto mas não inteiramente presente ... Nós gostamos que nossas vidas sejam arrumadas e certinhas como um filme de Hollywood, onde tudo tem um começo, um meio e, de preferência, um final feliz. Perguntas sem respostas nos deixam frustrados. Pense, por exemplo, sobre todas essas crianças que morreram naquele ataque horrível numa cidadezinha em Connecticut, nos EUA. Elas não tiveram uma vida inteira. Foram embora antes do tempo certo deixando tanta tristeza e tantas perguntas. Ou os jovens que morreram na boate em Santa Maria, Brasil. Eles também não tiveram tempo para realizar todos os seus sonhos ...
A maioria de nós não é famoso como Bill Clinton ou Jane Fonda, que já publicaram suas biografias, mas enquanto vivemos todos nós vamos escrevendo a história de nossa vida. Será que estamos satisfeitos com o que escrevemos até agora, ou ainda temos negócios inacabados que devem ser resolvidos para que não deixemos as coisas no ar, caso precisemos partir de repente? Ainda temos uma lista de coisas que pretendemos fazer, mas não hoje, talvez amanhã? Eu me pergunto quantos desses jovens que morreram estavam para escrever uma carta para sua mãe dizendo que a amavam, mas adiaram para o dia seguinte. Quantos iam dizer que sentiam muito por alguma coisa que fizeram, mas acharam que isso poderia esperar. Quantos não viveram o presente, por que estavam preocupados com o futuro ...
Fiquei meditando sobre negócios inacabados vários dias. Por alguma razão, parecia que eu nunca conseguia terminar o blog. Não chegava a uma conclusão sobre o assunto e nem entendia mais por que eu estava escrevendo sobre ele. Então me dei conta de que as palavras têm poder e eu nunca ia escrever um bom final para um blog sobre negócios inacabados. Assim, decidi terminá-lo aqui, com um final insatisfatório, deixando muito a ser dito e sobre o que pensar. Afinal de contas, a vida é um processo em construção e não vamos encerrar esse processo, mesmo que deixemos este mundo e passemos para o próximo.
Depois que terminei de ler o livro, fiquei com vontade de escrever um blog sobre negócios inacabados. Afinal, eles são tão irritantes... Essa sensação de que não há uma conclusão, não há uma resolução, de que algo está por perto mas não inteiramente presente ... Nós gostamos que nossas vidas sejam arrumadas e certinhas como um filme de Hollywood, onde tudo tem um começo, um meio e, de preferência, um final feliz. Perguntas sem respostas nos deixam frustrados. Pense, por exemplo, sobre todas essas crianças que morreram naquele ataque horrível numa cidadezinha em Connecticut, nos EUA. Elas não tiveram uma vida inteira. Foram embora antes do tempo certo deixando tanta tristeza e tantas perguntas. Ou os jovens que morreram na boate em Santa Maria, Brasil. Eles também não tiveram tempo para realizar todos os seus sonhos ...
A maioria de nós não é famoso como Bill Clinton ou Jane Fonda, que já publicaram suas biografias, mas enquanto vivemos todos nós vamos escrevendo a história de nossa vida. Será que estamos satisfeitos com o que escrevemos até agora, ou ainda temos negócios inacabados que devem ser resolvidos para que não deixemos as coisas no ar, caso precisemos partir de repente? Ainda temos uma lista de coisas que pretendemos fazer, mas não hoje, talvez amanhã? Eu me pergunto quantos desses jovens que morreram estavam para escrever uma carta para sua mãe dizendo que a amavam, mas adiaram para o dia seguinte. Quantos iam dizer que sentiam muito por alguma coisa que fizeram, mas acharam que isso poderia esperar. Quantos não viveram o presente, por que estavam preocupados com o futuro ...
Fiquei meditando sobre negócios inacabados vários dias. Por alguma razão, parecia que eu nunca conseguia terminar o blog. Não chegava a uma conclusão sobre o assunto e nem entendia mais por que eu estava escrevendo sobre ele. Então me dei conta de que as palavras têm poder e eu nunca ia escrever um bom final para um blog sobre negócios inacabados. Assim, decidi terminá-lo aqui, com um final insatisfatório, deixando muito a ser dito e sobre o que pensar. Afinal de contas, a vida é um processo em construção e não vamos encerrar esse processo, mesmo que deixemos este mundo e passemos para o próximo.
I really enjoy the way you write about things. You have a strong sensibility.
ReplyDeleteHi Ana,
DeleteThanks so much for your comment. I really thought I would never finish that posting, that I would get stuck forever with it :-)
É tão chato né? Odeio quando livros que pareciam ser ótimos terminarem assim sem mais nem menos. o Cornwell fez isso no final das Cronicas de Arthur, e eu fiquei bem chateada pq a série foi ótima.
ReplyDelete'E chato mesmo, Ale. Parece que o escritor nao teve muita consideracao com seus leitores. Obrigada pelo seu comentario. Abracos.
DeleteMuito legal.
ReplyDeleteSe eu fosse você tirava as letrinhas do final dos comentários. Elas só atrapalham.
Beijos!!
Ótimo post...o inacabado é o mesmo que não fiz.....e é isso que muita gente se arrepende, ou seja, não fiz. Não acabei !
ReplyDeleteE meio frustante qdo isso acontece, mas isso acontece mais do que a gente imagina. Adorei seu blog e ja estou te seguindo, nos faz uma visita e se gostar nos segue tb. vamos manter contato, afinal somos vizinhas, kkkkk. Bjus
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