Friday, August 12, 2011

Neglected people (As pessoas abandonadas)

Photo: Kenneth Cratty
     Over the last few weeks, when I go to the Spiritist Center I give a ride to a Colombian lady. On Monday, when I stopped my car and waited for her to go down the few steps in front of her house, I noticed that she was limping. Later, she told me she had fallen the evening before and had hurt herself very badly. She showed me the bruises on her two arms, on her legs, and confessed that her shoulder was hurting so much that she was afraid she had dislocated it. Had she gone to see a doctor? I wanted to know. No, she didn’t have health insurance, she told me.

     I was left almost speechless and could only sympathize with her predicament, by expressing my indignation about the healthcare services in this country. For the last 6 years the lady has been working in a bank, cleaning it. The bank sub-contracts the cleaning service to a company that doesn’t provide health insurance benefits to its employees. She can’t afford to pay $250 a month for a semi-decent health insurance. As a result, she is left with no insurance. If she went to an emergency room after her fall, in all likelihood she would end up with a bill for services amounting to about $10,000.

     Today, I had lunch with the fiancée of my daughter, who is a doctor, and asked him what someone could have done in that situation. Nothing, he told me. People who are really poor can apply for government insurance through Medicaid, but they need to be really, really poor. Someone who works in a McDonald from 9am to 5pm probably would not qualify because there are too many restrictions. Sometimes it is easier not to work because then you can get free health insurance…

    My mother-in-law is 94 years old and is entitled to get some help from the government since she lives by herself. She applied and was told that she could have a health aide come to see her three times a week to help her with her personal hygiene and some chores around the house.  But, since there are so many people waiting for these services and the government has no money, she needs to wait until her name gets to the top of the waiting list. The service center can’t say how long she has to wait. It might be months, or years… So, in fact, there is no help at all…

     How did it happen that in one of the most developed countries in the world people were left without any health insurance from the government and the same government discourages people from working so they can receive free services? I think about other countries like Canada, France, and even Brazil, where there might be long lines for services, but one can still receive free treatment. I wonder how the US could so utterly fail the hard-working people, both immigrants and American citizens, who live here, work hard, and contribute their sweat to make this country a better one.

     While the Congressmen in Washington allocate money for wars outside the US, inside the country, there is a helpless war against poverty. I wonder how they would feel if they had to live, just for one day, the life of the Colombian lady: waking up at 5am, boarding a train by 6am, arriving at work 1h40minutes later, and in the early evening coming home exhausted. The lady told me that she reads on the train, to educate herself. I am sure the Congressmen could use a ride in the train to educate themselves as well and to figure out how real people, their constituents, feel.

AS PESSOAS ABANDONADAS

Nas últimas semanas, tenho dado carona para uma senhora colombiana quando vou ao Centro Espírita. Na segunda-feira, quando parei o carro e esperei que ela descesse alguns degraus em frente de sua casa, reparei que ela mancava. Mais tarde, ela contou que na noite anterior tinha caído e se machucado bastante. Mostrou-me os hematomas nos dois braços, nas pernas, e confessou que seu ombro doía tanto que estava com medo que tê-lo deslocado. Perguntei se havia ido ao médico. Ela me disse que não, pois não tinha seguro de saúde.

      Fiquei meio sem saber o que dizer e só pude simpatizar com sua situação, expressando minha indignação com o sistema de saúde deste país. Já fazem seis anos que essa senhora trabalha num banco, limpando-o. O banco terceiriza o serviço de limpeza para uma empresa que não fornece seguro de saúde para os empregados. A senhora não pode se dar ao luxo de pagar $250 por mês por um seguro de saúde mais ou menos decente. O resultado é que não tem seguro. Se fosse para um pronto-socorro depois de ter caído, com toda certeza teria acabado pagando uns $10.000.

      Hoje, almocei com o noivo da minha filha, que é médico, e lhe perguntei o que alguém poderia ter feito naquela situação. Nada, ele me disse. As pessoas que são realmente pobres podem solicitar seguro de saúde pelo governo. Mas, para serem aceitas, precisam ser muito, muito pobres. Alguém que trabalha num McDonald das nove da manhã às cinco da tarde, provavelmente não se qualificaria, porque há muitas restrições. Às vezes é mais fácil não trabalhar porque então a pessoa pode obter seguro de saúde gratuito ...

      A minha sogra tem 94 anos e teoricamente pode receber ajuda do governo já que vive sozinha. Ela se inscreveu e se qualificou para um serviço pelo qual uma ajudante de enfermeira iria até à casa dela três vezes por semana para ajudá-la com sua higiene pessoal e alguns serviços de casa. Mas, como muitas pessoas estão à espera desses serviços e o governo não tem dinheiro, ela precisa esperar até que seu nome chegue ao topo da lista de espera. O centro de assistência social não sabe quanto tempo ela terá que esperar. Pode ser meses, ou anos ... Então, na verdade, não há nenhuma ajuda do governo...

      Como pode um dos países mais desenvolvidos do mundo não ter seguro de saúde para todos, oferecido pelo governo, e por que esse mesmo governo quase que desencoraja as pessoas a trabalharem porque assim recebem serviços gratuitos? Em outros países como Canadá, França, e até mesmo Brasil, há longas filas para serviços de saúde, mas pode-se receber tratamento gratuito. Como os EUA podem ter abandonado totalmente esse povo trabalhador, constituído tanto por imigrantes quanto por cidadãos americanos, que vivem aqui, trabalham duro, e contribuem com seu suor para fazer deste país um país melhor?

      Enquanto os deputados e senadores de Washington alocam recursos para guerras no exterior, no seu próprio país estão perdendo a guerra contra a pobreza. Eu me pergunto como eles se sentiriam se tivessem de viver, apenas por um dia, a vida da senhora colombiana: acordando às 5 da manhã, pegando um trem às seis horas, chegando 1h e 40 minutos depois no trabalho, e voltando para casa exaustos já de noite. A senhora me disse que lê no trem, para se educar. Acho que os deputados e os senadores poderiam usar um tempo num trem para se educar também e  descobrir como os
cidadãos de verdade se sentem.

1 comment:

  1. É bom que vc escreva sobre essas coisas, pois muita gente ainda teima em pensar que os EUA é perfeito.

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