Saturday, June 25, 2011

TEA CEREMONY (A cerimônia do chá)

Tea House, Japanese Gardens, Tully, County Kildare, Republic of Ireland. Photo:  Peter Clarke
Whenever I visit the James A. Michener Art Museum  http://www.michenermuseum.org/  in Doylestown, PA I like to sit for awhile in the reading room designed by the famous architect and furniture maker George Nakashima. The room has only a coffee table and four chairs in walnut, some shelves, a portrait of Nakashima, and Japanese style screens doors. The elegance and beauty of the woodwork makes me want to stay there forever. I imagine Nakashima walking by himself to a forest, choosing a piece of wood, and cutting it in a way that would transform the flaws in the wood into a work of art. Although the room was designed as a “reading room” I like to picture it as a tea room, a place where one would spend some time drinking tea in silence, just admiring the nature outside and the simplicity inside. A place where one could be in peace.

Many people enjoy drinking expensive wines and discussing them. I don’t taste much difference between wines, but I love to try all kinds of teas. My last discovery was a chai tea with coconut and mango which smelled delicious and tasted even better. I found it in Lynn Coffee Bean & Teas - http://www.lynncbt.com/ -  a store in Newtown, PA which specializes in coffee and tea. They sell black, yellow, white, green, red, and herbal teas. The first time I walked in there, I was surprised to see the enormous bags with tea, all of them opened and giving out a delicious smell. Now I can’t forget them. I am looking forward to returning and trying the pan fried green tea, which is supposed to have a nutty flavor.

You might ask how I can get excited about something so simple as a cup of tea. But, for me, it is not only the flavor of the tea, which I really enjoy, that matters. I like all the ceremony involving the tea preparation and the fact that usually people don’t drink it on the run, like they do with a cup of coffee. People stop and enjoy it.

Tea plants are said to have originated at the convergence of the borders of northeast India, north Burma, southwest China, and Tibet. In China, tea was consumed at least since 200 BC and later it also became popular in Korea and Japan. Trade of tea by the Chinese to Western nations in the 19th century spread it to numerous locations around the world. The Portuguese imported it in the 16th century. In Britain, it was widely consumed since the 19th century. By that time, tea had become an everyday beverage for all levels of society in Ireland.

Aside from water, tea is the most popular drink in the world. Its consumption equals all other manufactured drinks including coffee, chocolate, soft drinks, and alcohol put together. India is the world's largest tea-drinking nation, but Turkey is the world's greatest per capita consumer.

Tea aficionados teach that tea should be sold loose, not in paper bags which provides an inferior taste and experience. I agree with them, but since it is so convenient to buy tea already in bags, I end up drinking it that way most often.
The medical benefits of the tea are enormous, starting with being an antioxidant, boosting mental alertness, increasing the metabolic rate (green tea) and fighting several kinds of cancer. We can’t lose anything by stopping in the middle of a chaotic day to enjoy a hot cup of tea. Actually, I think I am going to have a cup right now…

Copyright © 2011, The James A. Michener Art Museum
A CERIMÔNIA DO CHÁ

Sempre que visito o museu de arte James A. Michener http://www.michenermuseum.org/  na cidade de Doylestown, na Pensilvânia, gosto de me sentar por algum tempo na sala de leitura desenhada pelo famoso arquiteto e marceneiro George Nakashima. A sala tem apenas uma mesa baixa com quatro cadeiras em madeira de nogueira, algumas prateleiras, um retrato de Nakashima, e portas em estilo japonês. A elegância e a beleza do trabalho em madeira me deixam com vontade de ficar lá para sempre. Imagino Nakashima andando sozinho pela floresta, escolhendo um pedaço de madeira, cortando-o de uma maneira talentosa para transformar as falhas da madeira numa obra de arte. Embora o quarto tenha sido concebido como uma "sala de leitura," gosto de imaginá-lo como uma sala de chá: um lugar onde alguém poderia passar um tempo bebendo chá em silêncio, apenas admirando a natureza lá fora e a simplicidade do ambiente. Um lugar para ficar em paz.

Muitas pessoas gostam de beber vinhos caros e discuti-los. Não acho muita diferença entre vinhos, mas adoro experimentar tipos diferentes de chás. Minha última descoberta foi um chá chai com coco e manga que tinha um cheiro delicioso e um sabor melhor  ainda. Eu o comprei numa loja especializada em café e chá - Lynn Coffee Bean & Teas -http://www.lynncbt.com/ - em Newtown, Pensilvânia, que vende chá preto, amarelo, branco, verde, vermelho e chá de ervas. A primeira vez que entrei lá, fiquei surpresa com os sacos enormes de chá, todos abertos e emanando um cheiro delicioso. E agora não posso mais esquecê-los. Estou ansiosa para voltar à loja e comprar um chá verde frito na frigideira, e que dizem ter um sabor de nozes.

Você pode estar se perguntando por que fico tão animada com uma coisa tão simples como uma xícara de chá. Mas, para mim, não é apenas o sabor do chá que importa. Gosto de toda a cerimônia que envolve a preparação dele e do fato de que normalmente as pessoas não o bebem apressadamente, como se faz com  café. As pessoas param para saboreá-lo.

Dizem que as plantas de chá são originárias do lugar onde as fronteiras do nordeste da Índia, norte de Burma, sudoeste da China e Tibet se encontram. Na China, o chá era consumido pelo menos desde 200AC. e logo passou a ser consumido na Coréia e no Japão. O comércio dos chineses com os países ocidentais no século XIX acabou ajudando a espalhar o consumo do chá ao redor do mundo. Os portugueses o importavam desde o século XVI. Na Grã-Bretanha, era amplamente consumido desde o século XIX. Nessa época, o chá já era uma bebida comum em toda a sociedade irlandesa.

O chá é a bebida mais popular do mundo, depois de água. Seu consumo é igual ao de todas as outras bebidas fabricadas (incluindo café, chocolate, refrigerantes, e álcool) juntas. A Índia é o maior país consumidor de chá, mas a Turquia é o maior consumidor mundial per capita.

Aficionados do chá ensinam que ele deve ser vendido a granel e não em saquinhos de papel, que deterioram o sabor e minimizam a experiência. Concordo com eles, mas já que é muito mais conveniente comprar em saquinhos, acabo comprando dessa forma na maioria das vezes.

Os benefícios do chá para a saúde são muitos: é antioxidante, aumenta a agilidade mental, acelera o metabolismo (chá verde) e combate vários tipos de câncer. Não temos nada a perder em parar um minuto no meio de um dia caótico e desfrutar uma xícara de chá quente. Na verdade, acho que vou tomar uma xícara agora mesmo ...

Monday, June 20, 2011

Elusive Peace (Paz ilusória)

We put the canoe in the water and start our solitary trip on the lake. The waters open themselves for us, welcoming us. There almost isn’t a need to paddle. We can relax and contemplate nature in all its beauty.
A heron flies over us and perches on a tall tree from which it stands majestically, for a minute king of this world. A quiet deer appears suddenly from the forest and bends down to enjoy a sip of water. A kayak with a young couple slides by. There are many animals on the lake.
Here, nature is undisturbed by the violence of human beings. When humans come to the lake, they come only to fish or to enjoy a trip in their kayaks and canoes. There are no shouts, cries of children, or even music coming from a radio. The only sounds are of birds singing, a fish jumping suddenly and falling back with a loud splash, a fallen log re-arranging itself in the water.
On this great expanse of water, the only things out of control are my thoughts which, as always, fly from one place to another. I am in the past, then in the future, then back to the past, worrying, regretting, judging, condemning, afraid, nervous, never in the present, and never on the lake.  For 57 years I have fought this crazy race against my mind, trying to tame it and never succeeding. I crave peace, beauty, nature, tranquility. I find torment, depression, lack of desire to go on. Go where? And for what?
The heron seems to know where to go, to have a purpose to live. It spreads its wings and flies to the other side of the lake. As for me, I know that today, in the middle of all this beauty, my heart is crying. Tomorrow, it might laugh again. And day after day I will continue like that, divided, a soul struggling to find happiness or, at least, some answers.
PAZ ILUSÓRIA

Colocamos a canoa na água e começamos nosso passeio solitário pelo lago. As águas se abrem para nos receber. Quase nem precisamos remar. Podemos relaxar e contemplar a natureza em toda sua beleza.

          Uma garça sobrevoa-nos e empoleira-se numa árvore alta, sobre a qual fica parada majestosamente, por um minuto rainha deste mundo. Um veado aparece silenciosamente da floresta para beber um gole de água. Um caiaque com um jovem casal passa por perto. O lago tem muitos animais.
         
       Aqui
, a natureza não é perturbada pela violência dos seres humanos. Eles vêm para o lago só para pescar ou para curtir uma viagem em seus caiaques e canoas. Não há gritos, choro de crianças, ou música de rádio. Os únicos sons são de pássaros cantando, um peixe saltando de repente no lago, um tronco caído ajeitando-se melhor sobre a água.

         Nesta imensidão de água, as únicas coisas fora de controle são os meus pensamentos que, como sempre, voam de um lugar para outro. Estou no passado, em seguida no futuro, depois de volta ao passado, preocupando-me, lamentando-me, julgando, condenando, com medo, nervosa, e nunca no presente, nunca no lago. 57 anos travo uma batalha louca contra minha mente, tentando domá-la sem sucesso. Procuro paz, beleza, natureza, tranquilidade. Encontro tormento, depressão, falta de vontade de ir em frente. Ir para onde? E para quê?

A garça parece saber para onde ir, tem um propósito para viver. Ela estende suas asas e voa para o outro lado do lago. Quanto a mim, sei que hoje, no meio de toda essa beleza, meu coração está chorando. Amanhã, pode rir de novo. E dia após dia continuarei assim, dividida, uma alma lutando para encontrar a felicidade ou, pelo menos, algumas respostas.

Photos: Bernadete Piassa

Wednesday, June 15, 2011

Lack of Communication (Problemas de comunicação)

Many times people have difficulty understanding the English that I speak with a heavy Brazilian accent. Since last week, I am the one having a hard time understanding other people’s accents. First, it was a case worker from Liberia. The woman was conducting an interview with my mother-in-law, to see if she qualified for some free government services, and I was there to help. It turned out that my mother-in-law did not understand the woman and couldn’t hear her either. So, I had to decipher what she said and shout it to my mother-in-law. Then, there was the Russian worker who I was trying to hire to replace the floor in my living room but with whom I couldn’t communicate. In the end, he asked me to send him a text message with my name and address and I never heard back from him. Maybe he didn’t even know how to check a text message and didn’t mean to say that at all… Finally, it was the Chinese acupuncturist I went to because of a knee problem and who spoke very little English. I was afraid that he would put a needle in the wrong place of my body because he couldn’t understand where I said that it was hurting…

Misunderstandings happen not only because of accents but also because from time to time we think that we are saying one thing when, in fact, we are saying something totally different. We are full of good intentions, but sometimes we just don’t know how to convey our thoughts or we talk without thinking twice. Giving free advice is the easiest thing in the world and it is amazing how we do it all the time.

This week, at yoga class, my teacher was showing us some postures that imitated a warrior with a bow.  He told us to pretend that we were holding the bow very straight and to shoot an arrow only when we were sure to reach the target because everything was about control. Once we released the arrow, it was gone. We couldn’t get it back. 

Words are like that. We have to think very well about them because, once they are spoken, they can’t be retrieved. In order not to hurt people, we have to think twice. Better yet, we have to consider carefully how we would feel if we were about to listen to what we are going to say.

PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO

Muitas vezes as pessoas têm dificuldade em entender o inglês que falo com sotaque brasileiro. Desde a semana passada, eu é que ando com dificuldade para entender o sotaque dos outros. Primeiro, tive problemas com uma assistente social da Libéria. A senhora foi entrevistar minha sogra, para ver se ela podia participar de alguns serviços grátis do governo, e eu fui lá para ajudar. Mas minha sogra não entendia a mulher e também não conseguia ouvir o que ela dizia. Então, tive que tentar decifrar o que a assistente social dizia e quase gritar para minha sogra o que ela estava dizendo. Depois, foi a vez do trabalhador russo que eu estava tentando contratar para trocar o piso da minha sala, mas com quem não conseguia me comunicar. Ele me pediu para lhe enviar uma mensagem pelo telefone com meu nome e endereço, mas ele nunca me contactou. Talvez nem soubesse como ler uma mensagem no telefone e quisesse dizer outra coisa na verdade ... Por fim, foi o acupunturista chinês a quem fui ver por causa de um problema no joelho e que falava inglês muito mal. Fiquei até com medo de ele colocar uma agulha no lugar errado do meu corpo, porque não conseguia entender onde eu dizia que estava doendo ...

Desentendimentos acontecem não só por causa de sotaques, mas também porque de vez em quando pensamos que estamos dizendo uma coisa quando, na verdade, dizemos algo totalmente diferente. Somos cheios de boas intenções, mas às vezes simplesmente não sabemos como transmitir nossas ideias ou falamos sem pensar duas vezes. Dar conselhos de graça é a coisa mais fácil do mundo e é incrível como fazemos isso o tempo todo.

Esta semana, na aula de yoga, meu professor nos mostrou algumas posturas que imitavam um guerreiro com um arco. Ele nos disse para fingir que estávamos esticando o arco ao máximo e para atirar uma flecha só quando tivéssemos a certeza de atingir o alvo, porque tudo era uma questão de controle. Depois que a flecha fosse atirada, não voltaria mais. Nós não poderíamos recuperá-la.

As palavras são como flechas. Temos que pensar muito bem sobre elas, porque, uma vez faladas, não podem ser recuperadas. A fim de não ferir as pessoas, devemos pensar duas vezes. Melhor ainda, devemos considerar cuidadosamente como nos sentiríamos se estivéssemos prestes a ouvir o que vamos dizer.

Photo: Bernadete Piassa