Thursday, February 10, 2011

The War of the Recycle Bins (A guerra das lixeiras para recicláveis)

Two weeks ago, it was snowing a lot in the Northeastern United States, where I live. Because of all the snow, something unusual happened in my development: neighbors, who usually say only “hello” to each other, were outside talking while we shoveled the snow. And it was in the middle of the conversation that one of my next-doors mentioned that her recycle bin had disappeared thus starting a chain of events that alternated between the tragic and hilarious.

For the readers who are not from the US, let me explain that, at least in the area where my husband and I live, we recycle paper, plastic and glass. During the week, we toss all our recyclables into this bin and every Monday we put the bin outside at the curb. The bin is provided by the recycle collection company. After the company collects the recycled material, we get the bin back.  

After our neighbor told us that her bin disappeared, we wondered what she would do next. She is a woman about 55 years old who lives by herself, spends hours washing and cleaning her car when the weather is warm, and waits until I leave the house to park her car in the spot that my car was, if it happens to be a little bit closer to the house. I have not had many conversations with her in the 9 years we have been neighbors, but I had the feeling she is more concerned with herself than with the rest of the world. What would she do to get another recycle bin, we wondered. How would she get another bin without too much effort?  Just in case our bin decided to disappear, my husband put two black marks on the inside of it...

When it was time for recycling again, we put our bin outside and, sure enough, when it came time to bring the bin back to the house, it was nowhere to be found. What might have happened? Of course we had an idea about the fate of our recycling container, but we needed proof. The following week, we used a brown bag to put our recycling outside.  Our neighbor didn’t have this problem . She now had a bin marked with her street address scrawled across the side in waterproof black marker. In the morning, before she had time to collect it, I went and checked: the marks that my husband had drawn inside our bin were there, exactly where he left them...

I was furious at my next-door neighbor. I knew that I would never do this to anyone else and was wondering how could she take something from my husband and I. So, I started plotting against her. I decided that I wasn’t going to take the bin back because she would only take it again. Maybe I should just hide the bin somewhere else... I was filled with all sort of bad thoughts which were just distracting me. Even my daily meditation, already a struggle for me, suffered because I was upset.

Then, something happened: I decided to let it go. I realized that there was a house further down the road with two bins sitting in front of it, so I went there, talked with a lady and she said  I was welcome to take one. The bin was probably the one from my next-door, which the collectors left in the wrong place. She had found it easier to grab ours instead of looking for hers. I preferred to ask for a bin instead of taking one that didn’t belong to me.

Now, when I think about the “drama” because of a recycle bin, I laugh. I realize that I am much happier if I don’t keep bad thoughts inside myself and just let them go. Of course, my husband is going to write our house number with black ink outside of our bin and from now on we will be careful with our next-door, knowing which sort of person she is. But instead of concentrating my anger in one person and start a war of bins with her, I will recycle my thoughts and think about better things. Life is too short to waste time with small aggravations.

A GUERRA DAS LIXEIRAS PARA RECICLÁVEIS

Duas semanas atrás, estava nevando muito na região onde moro, nos EUA. Por causa disso, algo inusitado aconteceu no meu condomínio: os vizinhos, que geralmente dizem apenas "Oi" uns aos outros, começaram a conversar enquanto limpavam a neve. E foi no meio da conversa que uma das vizinhas nos disse que sua lixeira para recicláveis tinha desaparecido, desencadeando, com essa simples frase, uma cadeia de eventos por vezes trágicos e  por vezes engraçados.

Para os leitores que não moram nos EUA, deixe-me explicar que, pelo menos na área onde eu e meu marido vivemos, reciclamos tudo que é de papel, plástico e vidro. Uma vez por semana, colocamos na calçada a lixeira de plástico fornecida pela empresa que recolhe os materiais recicláveis, com tudo que guardamos durante a semana. Depois que a empresa leva o material reciclável, pegamos nossa lixeira de volta.

Depois que a vizinha nos disse que sua lixeira tinha desaparecido, ficamos imaginando o que ela faria. Ela é uma mulher de cerca de 55 anos que mora sozinha, passa horas lavando e limpando seu carro quando faz calor, e espera até eu sair para estacionar seu carro no lugar em que o meu estava, se por acaso meu carro estiver estacionado numa vaga um pouco mais perto de casa. Conversamos poucas vezes nestes 9 anos em que moro neste condomínio, mas percebi que ela é o tipo de pessoa mais preocupada consigo mesma do que com o resto do mundo. Agora, o que ela faria para conseguir outra lixeira sem muito esforço? Por via das dúvidas, meu marido pegou nossa lixeira e pôs duas marcas pretas no seu interior ...

Quando chegou novamente o dia de reciclagem, colocamos nossa lixeira na porta e, evidentemente, ela desapareceu depois que o caminhão passou e recolheu os recicláveis. O que teria acontecido? É claro que tínhamos uma ideia, mas precisávamos de prova. Na semana seguinte, usamos um saco de papel para colocar o nosso material reciclável na calçada, mas percebemos que a nossa vizinha não teve esse problema. Ela agora tinha uma lixeira marcada com o número de sua casa em tinta preta bem grande. De manhã, antes que ela tivesse tempo de recolhê-la, fui verificar: as marcas que meu marido havia desenhado dentro da nossa lixeira estavam lá, exatamente no mesmo lugar ...

Fiquei furiosa com a vizinha. Eu nunca faria uma coisa dessas com outra pessoa e me perguntei como ela podia ter pego algo meu e do meu marido. Então, comecei a tramar contra ela. Decidi que não ia pegar a lixeira de volta, porque ela iria levá-la novamente. Talvez eu devesse esconder a lixeira em outro lugar ... Minha cabeça estava cheia de maus pensamentos que só me atrapalhavam. Até minha meditação diária, que é difícil para mim, ficou mais difícil ainda porque eu estava chateada.

Então, algo aconteceu: decidi deixar para lá. Reparei que um pouco mais adiante havia uma casa com duas lixeiras na frente. Fui lá, conversei com uma senhora e ela disse que eu podia pegar uma delas. Provavelmente os lixeiros haviam levado os recicláveis e deixado a lixeira no lugar errado, mas minha vizinha tinha preferido pegar a nossa lixeira em vez de procurar a dela. Eu tinha preferido pedir uma do que pegar uma coisa que não me pertencia.

Agora, quando penso sobre o "drama" da lixeira, acho engraçado. Percebo que sou muito mais feliz se não armazeno pensamentos ruins, se simplesmente me livro deles. Claro, meu marido vai escrever o número da nossa casa com tinta preta do lado de fora da nossa lixeira e daqui para frente vamos tomar cuidado com essa vizinha, sabendo que tipo de gente que ela é. Mas em vez de ficar com raiva de uma pessoa e começar uma guerra de lixeiras com ela, vou reciclar meus pensamentos e pensar em coisas melhores. A vida é muito curta para perdermos tempo com pequenos aborrecimentos.

Photo: Bernadete Piassa

2 comments:

  1. Adorei a história e sua decisão de reciclar os seus maus pensamentos.
    Bjs

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  2. Adorei a história! Engraçada e, ao mesmo tempo, nos faz pensar... Quantas vezes somos tomadas por maus pensamentos ou pela raiva. Adorei a idéia de reciclar pensamentos.Bjs

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