Tuesday, February 1, 2011

Our Tribe (Nossa tribo)

My aunt emails me asking for news from my older sister’s surgery which is happening at that moment in Campo Grande, Brazil. I tell her that I have not heard anything yet but I am expecting news from sister #4 (we are five) soon. Since I don’t hear, I call my nephew who calls his mother and finds out everything went well. I call my niece and she calls her sister. I think about sister #2 and decide to call her. She already heard the news from sister #4 and transmitted it to sister #5 and to my mother. I remember to email my aunt who asked for news earlier in the day. While this happens, sister #4, who is the only one in the same city where the surgery was done, receives calls from my aunts who live in different parts of Brazil, from my cousins, nephews and nieces. Everybody is thrilled by the good news.

I always wonder why some families fight all the time while others have very close bonds. In some families, one sister doesn’t speak with the other, the father sends someone away and doesn’t ever allow the person to join the clan again, or maybe it is the son-in-law who doesn’t get along with the others. I think about this because I am lucky to have been raised in a family where people have very strong ties and really care about each other. If one of the members of the family is jobless or in need of money for some other reason, for sure someone is going to hear about it and help. If someone is facing emotional distress, others will show their support. If there is a case of illness, everyone calls, emails, or stop by for a visit. We are like a big tribe. What happens to one of us, affects the others. We are aware that even if we don’t make a difference for the rest of the world, we make a difference for our relatives.

My husband comes from a very small family. He is an only child and has only a few cousins he never sees. For him, to hear about all the calls and the emails that go on among the members of my family is something beyond his understanding, but he came to appreciate it. If I spend a few days without talking on Skype with my sisters or my aunts, he asks me what is going on. He already noticed that since I live in the US and most of my relatives are in Brazil, these calls are very precious for me: they are a reminder of my roots and of a family that means so much.

Last week, I was worried about my sister’s surgery and other things as well. I wrote a blog that was very depressing. One of my sisters emailed me asking me what the problem was. Another sister called and said that I sounded too depressed. Shouldn’t I be doing something about it? My aunt said she was very worried. My cousin emailed me asking if I had bought the books about depression that he had recommended and gave me some advice about light bulbs that mimic sunlight. Even though I was feeling bad, it was wonderful to see that people cared. Before the Internet, I lived more isolated in the US but now, because of emails and Skype, I feel that I am again part of this huge tribe in which I feel fortunate to belong.

I am not saying that there aren’t  any problems with this tribe. Of course, there is a lot of gossip and misunderstanding. But in the end, I am sure it is rare to find a family so huge with so much love and strength. We fight for each other, we pray for each other, and we learn with each other. The day before my sister had her life threatening surgery, she went to the mall and bought a beautiful dress so she could visualize herself in it when she left the hospital. What a lesson for all of us who sometimes cry over very small things and don’t understand it takes faith and courage to keep living.
 

NOSSA TRIBO

Minha tia me manda um email perguntando sobre a cirurgia da minha irmã mais velha que está sendo realizada em Campo Grande, Brasil. Digo a ela que ainda não sei de nada, mas estou esperando notícias através da minha irmã # 4 (somos cinco). Já que não recebo nenhum telefonema, ligo para meu sobrinho, que liga para sua mãe e fica sabendo que tudo correu bem. Eu ligo para a minha sobrinha para lhe dizer isso e ela liga para a sua irmã. Penso na minha irmã # 2 e decido lhe dar uma ligadinha. Ela soube da notícia pela minha irmã # 4 e a transmitiu à nossa irmã # 5 e à nossa mãe. Lembro-me da minha tia que tinha pedido notícias de manhã e lhe mando um email. Enquanto isso, minha irmã # 4, a única que está na mesma cidade  onde a cirurgia foi feita, recebe chamadas de algumas das minhas tias que vivem em outros estados do Brasil, dos meus primos, sobrinhos e sobrinhas. Todo mundo vibra com a boa notícia.

Sempre me pergunto por que algumas famílias brigam o tempo todo, enquanto outras têm vínculos tão estreitos. Em algumas famílias, uma irmã não fala com a outra, o pai expulsa alguém da casa e proibe de voltar, ou é o genro que não se dá bem com os outros. Penso sobre isso porque tenho a sorte de ter sido criada numa família onde as pessoas se dão muito bem e realmente se preocupam umas com as outras. Se um dos membros da família está desempregado ou precisa de dinheiro por alguma outra razão, com certeza alguém vai ouvir falar disso e ajudá-lo. Se alguém está enfrentando problemas emocionais, os outros vão apoiá-lo. Se houver um caso de doença, todo mundo dará um telefonema, mandará um email ou dará uma passada para uma visita. Somos como uma grande tribo. O que acontece com um, afeta os outros. Sabemos que, mesmo se não fizermos diferença para o resto do mundo, nossa família se importa com a gente.

Meu marido vem de uma família muito pequena. Ele é filho único e tem apenas alguns primos que nunca vê. Para ele,  ouvir falar sobre esses inúmeros telefonemas e e-mails entre os membros da minha família é algo inusitado. Agora ele até gosta disso. Se passo alguns dias sem falar no Skype com minhas irmãs e minhas tias, ele me pergunta o que aconteceu. reparou que como moro nos EUA e a maior parte dos meus parentes está no Brasil, essas chamadas são muito preciosas para mim: são uma lembrança das minhas raízes e de uma família que significa muito para mim.

Na semana passada, estava preocupada com a cirurgia da minha irmã e com outras coisas, e escrevi um blog muito deprimente. Uma das minhas irmãs me mandou um email perguntando qual era o problema. Outra ligou e disse que eu parecia muito deprimida, será que não deveria tomar alguma providência? Minha tia disse que estava muito preocupada. Meu primo me mandou um email perguntando se eu tinha comprado os livros sobre depressão que ele tinha recomendado e me deu alguns conselhos sobre lâmpadas que imitam a luz solar. Embora estivesse chateada, foi maravilhoso perceber que as pessoas se importavam comigo. Antes da internet, eu vivia mais isolada aqui nos EUA, mas agora, por causa dos e-mails e Skype, sinto-me feliz por fazer parte novamente dessa tribo enorme.

Não estou dizendo que não há problemas com essa tribo. Claro, um monte de fofocas e mal-entendidos. Mas no final, tenho certeza de que é raro encontrar uma família tão grande, com tanto amor e garra. Nós lutamos uns pelos outros, rezamos uns pelos outros, e também aprendemos uns com os outros. Um dia antes da minha irmã fazer a cirurgia, que poderia ter sido fatal, ela foi ao shopping e comprou um vestido bonito para visualizar-se usando-o depois que saísse do hospital . Que lição para todos nós que às vezes choramos por coisas tão pequenas e não entendemos que é preciso fé e coragem para continuar vivendo.

Photo: Bernadete Piassa

3 comments:

  1. Realmente é reconfortante pensar em nossa família como uma grande tribo ... Gostei da imagem e assino embaixo.
    Bjs

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  2. É a Martha. Não vi que Diana estava usando o computador e acabei deixando o comentário como se fosse ela.

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  3. Muito lindo o artigo. Pena que eu seja meio afastada desta família... e não tenha tantas irmãs e primas tão próximas. Bjs

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