Tuesday, August 10, 2010

Tambourines and Swings (Pandeiros e balanços)


Some people believe that there are no coincidences, but I still find it strange when I am thinking about something and, all of a sudden, everywhere I turn there seems to be a mention about that thought that was on my mind. Last week, I was wondering about some artists who get a late start in their careers, about dreams that we postpone and never accomplish, and about living a life more fulfilling, with less pressure. By coincidence (???), I read two articles about these subjects, not because I was searching for them, but because one was featured in a magazine I subscribe to and the other in an online newspaper I always read. I also found a note about dreams not fulfilled in the blog Cá Entre Nós, in which the writer Martha Baptista confesses her long-time desire to play the tambourine.

The article I read in The New York Times was about a woman who decided to get rid of half of her clothes, furniture, anything that was not essential, and concentrate on what was really important for her. Pretty soon, she figured that she was happier owning less and able to travel more. Her debts were paid for, she quit her high-pressure job and found one that paid less but left her time to ride her bike and enjoy life. She became less burdened with possessions and wealthier in terms of experiences. And that was exactly the point of the article: if we spend our money buying a sofa, for example, we pretty soon forget about the happiness that we felt buying it. But if we spend money on a trip, the memories of the trip stay with us for a long time and make us happy whenever we recall them. In other words: it is not what we own that makes us happy, but our life experiences.

The article in the AARP magazine was about artists who could not fulfill their dreams when they were young but persevered. The American writer Eugenia Lovett West was one of these. After she married and had 4 children, she worked as a freelance newspaper reporter and, in her 40s, published a historical suspense,The Ancestors Cry Out, which was unsuccessful. She continued to write and, in 2007, published the mystery Without Warning that did very well. Lovett West is now 86 years old and enjoying her late success. She had a dream and never let go of it. She accomplished what she wished for.

Sometimes our busy life takes us off track and makes us believe that happiness is measured by money. However, high pressure jobs are not very conducive to creativity, even if they pay extremely well. We need to relax more, sit on a swing and share stories from the past, and then we will be able to get in touch with our inner genius and create whatever it is that we feel like creating. Forget the fashionable iPhone, the elegant Louis Vuitton pocketbooks, the expensive car and houses. Nothing soothes more our soul than accomplishing an old dream, like playing the tambourine.

But where is the courage to get rid of old stuff, to persist and not let go of our dreams, to change what is outside us so we can feel more balanced inside? I guess we have to look for this strength one day at a time, taking baby steps and not forgetting that if we want to learn to walk, we have to fall many times.

PANDEIROS E BALANÇOS

Algumas pessoas acreditam que não existem coincidências, mas ainda acho estranho quando estou pensando sobre alguma coisa e, de repente, em toda parte onde olho encontro uma referência àquilo que estava na minha mente. Na semana passada, estava pensando sobre artistas que começam a carreira bem tarde, sobre sonhos que às vezes adiamos e nunca concretizamos, e sobre como viver uma vida mais feliz, com menos pressão. Por coincidência (???), li dois artigos sobre esses temas, não porque estivesse procurando por eles, mas porque um apareceu como destaque numa revista que recebo e o outro vi num jornal que sempre leio na internet. Também encontrei uma nota sobre sonhos não realizados no blog Cá Entre Nós, em que a escritora Martha Baptista confessa seu antigo desejo de tocar pandeiro.

O artigo que li no New York Times era sobre uma mulher que decidiu se livrar de metade das suas roupas, móveis, qualquer coisa que não fosse essencial, e se concentrar no que realmente era importante para ela. Logo percebeu que estava mais feliz tendo menos bens materiais, mas podendo viajar mais. Pagou suas dívidas e pediu demisão do trabalho desgastante. Encontrou outro que pagava menos, mas que exigia menos e lhe deixava tempo para andar de bicicleta e curtir a vida. Tornou-se mais pobre em termos de bens materiais e mais rica em termos de experiências. E isso era exatamente o que o artigo queria dizer: se gastamos dinheiro comprando um sofá, por exemplo, logo esquecemos a felicidade que sentimos ao comprá-lo. Mas, se gastamos dinheiro numa viagem, a lembrança fica conosco por um longo tempo e nos deixa contente quando pensamos nela. Em outras palavras: não é o que possuímos que nos faz feliz, mas nossas experiências de vida.

O artigo na revista AARP era sobre artistas que não realizaram seus sonhos quando eram jovens, mas insistiram. A escritora americana Eugenia Lovett West foi uma dessas. Depois que casou e teve quatro filhos, ela trabalhou como freelancer em alguns jornais e, quando tinha mais ou menos 40 anos, publicou um suspense histórico, Os Antepassados Gritaram, que não fez nenhum sucesso. Ela continuou a escrever e, em 2007, publicou um romance de mistério, Sem Aviso, que foi muito bem-sucedido. Lovett West está agora com 86 anos e desfruta seu momento de fama. Ela tinha um sonho e nunca o abandonou. Conseguiu finalmente o que tanto desejava.

Às vezes, nossa vida agitada nos desvia da direção certa e nos leva a acreditar que a felicidade é medida apenas pelo dinheiro. No entanto, um emprego estressante, mesmo que seja extremamente bem pago, não é bom para a criatividade. Precisamos relaxar mais, sentar num balanço e compartilhar histórias do passado, só então seremos capazes de entrar em contato com o nosso gênio interior e criar seja lá o que quisermos criar. Esqueça o iPhone da moda, as bolsas elegantes de Louis Vuitton, o carro e a casa caros. Nada é melhor para a nossa alma do que realizar um sonho antigo, como tocar pandeiro.

Mas onde está a coragem de se livrar das coisas velhas, insistir nos nossos sonhos, mudar o que está fora de nós para que possamos nos equilibrar mais interiormente? Temos que procurar essa força diariamente, dando passos pequenos como os de um bebê, não nos esquecendo de que, se quisermos aprender a andar, teremos que cair muitas vezes.

Photo: Bernadete Piassa

1 comment:

  1. Adorei Dete! Ler sua crônica hoje me emocionou. Sabe aquela sensação de estar finalmente encontrando meu caminho ...
    A propósito, ontem levei minha irmã Anna Maria para tomar chope no Sesc Arsenal, um dos lugares mais bonitos de Cuiabá. Foi muito agradável e conversamos bastante sobre o passado: avós, casa dos pais, casamento (dela)... Foi gostoso, parecia que eu estava vendo as cenas acontecendo na minha frente.
    Esse é o melhor lado da vida: curtir as relações afetivas que a gente vai criando ao longo do tempo.
    Bjs

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