Wednesday, July 21, 2010

The Travelers (Os Viajantes)


My niece told me that when she lived in Austria, sometimes she enjoyed going to Italy only to hear the noises in the streets. For a Brazilian raised in the chaos of Sao Paulo, the calm and peace of a small village in Austria could become stressing after awhile. I understand what she meant. Some days, when I am working from home and look outside of my window on my tranquil street in the suburbs of Philadelphia, I also wish for a little bit of action and confusion. We can travel very far but we never forget the memories of our native country.

In Brazil, there is always so much happening in the streets. In Rio de Janeiro and Sao Paulo, bus and cab drivers keep their hands on the horn just in case they have an excuse to honk it at full blast. When they stop at a streetlight, they press and let go of the accelerator until the light changes, producing loud noises that seem to bother no one. Street vendors announce their merchandise and shout to each other in warning if the police are coming. There is always deafening music coming from somewhere. There is always a reason for someone to decide that he needs to reach a person who is very far away by shouting as loud as he can.

My hometown, although very small, can compete very well with Rio and Sao Paulo in terms of noise. Moto-taxis, motorcycles that carry passengers, speed through the streets honking non-stop. Pickup trucks with loud speakers blast the advantage of one politician over another. Trucks selling fruits or vegetables announce their products over loud speakers too. Cars with very loud music parade through town. And when night falls and the noise is supposed to fade, dogs start barking or fighting until dawn when the cock crows and takes over, continuing the racket.

There is life everywhere. There are many sounds, many different smells, all strong and unforgettable. Even though I have been away from Brazil for so many years, I can still recall them because they are so vivid in my memory.

I was thinking the other day how strange it is to realize that I have lived for almost as many years in the US as I had in Brazil. So many years, and my soul is still Brazilian. I lived in many cities, in 3 different countries. From each of them I learned a bit and they all contributed to make me who I am. But if someone were to wake me up suddenly and ask me something, I can bet that I would answer in Portuguese even if the person talking with me was speaking English.

The thought of travelers and their travels has been on my mind for a few days. Today, by coincidence, I saw the blog of the Brazilian journalist Loisa Mavignier, Coisas da Vida , in which she wrote a beautiful post about moving from one place to another. Once more I was reminded that we are all travelers. Some people might travel only in their imagination while others physically travel. But we are all travelers of time, learning with each journey and keeping in our hearts the sweet memories of the places we visited. Like a boat, we slide slowly through the river of life, carrying our hopes and our dreams.

OS VIAJANTES

Minha sobrinha me disse que quando vivia na Áustria, às vezes gostava de ir à Itália apenas para ouvir barulho nas ruas. Sendo brasileira e tendo sido criada no meio do caos de São Paulo, a calma e a paz de uma cidadezinha na Áustria a deixavam stressada depois de algum tempo. Entendo como ela se sentia. Alguns dias, quando estou trabalhando em casa e olho pela janela minha rua tranquila nos arredores da Filadélfia, também sinto saudades de um pouco de ação e confusão. Podemos viajar bem longe, mas nunca esquecemos as lembranças do nosso país natal.

No Brasil, há sempre tanta coisa acontecendo nas ruas... No Rio de Janeiro e em São Paulo, os motoristas de ônibus e táxi ficam com as mãos na buzina só em caso de terem uma desculpa para tocá-la com toda força. Quando param num sinal, apertam e soltam o acelerador sem parar, até que o sinal se abra, produzindo ruídos altíssimos que parecem não incomodar ninguém. Camelôs anunciam suas mercadorias aos berros e gritam uns para os outros para avisar se a polícia está vindo. Há sempre música ensurdecedora tocando em algum lugar. Há sempre uma razão para alguém decidir que precisa chamar uma pessoa que está bem longe aos gritos.

Minha cidade natal, embora pequena, pode muito bem competir com o Rio e São Paulo em termos de ruído. Moto-táxis, transportando passageiros, passam em alta velocidade pelas ruas buzinando sem parar. Picapes com alto-falantes bradam as vantagem de um político sobre o outro. Caminhões vendendo frutas ou legumes anunciam seus produtos também usando alto-falantes. Carros com aparelhos de som e música muito alta desfilam pela cidade. E quando a noite cai e o barulho deveria desaparecer, os cães começam a latir ou brigar até o amanhecer, quando os galos cantam, dando continuação a bagunça.

Há vida em toda parte. Há muitos sons, muitos cheiros diferentes, todos fortes e inesquecíveis. Apesar de eu estar longe do Brasil há tantos anos, ainda me lembro deles porque estão tão vívidos em minhas lembranças.

Me dei conta outro dia de como é estranho pensar que vivi quase o mesmo número de anos nos EUA e no Brasil. Tantos anos, e minha alma ainda é brasileira. Morei em muitas cidades, em três países diferentes. Em cada um deles aprendi um pouco e todos contribuíram para me fazer quem eu sou. Mas se alguém me acordar de repente e me perguntar algo, aposto que vou responder em português, mesmo se a pessoa estiver falando comigo em inglês.

Já faz alguns dias que ando pensando sobre viajantes e suas viagens. Hoje, por coincidência, li o blog da jornalista brasileira Loisa Mavignier, Coisas da Vida, no qual ela escreveu um belo post sobre as suas mudanças de um lugar para outro. Mais uma vez constatei que somos todos viajantes. Algumas pessoas viajam apenas em sua imaginação, enquanto outras viajam fisicamente. Mas somos todos viajantes do tempo, aprendendo com cada viagem e guardando em nossos corações as doces lembranças dos lugares que visitamos.Como um barco, deslizamos lentamente pelo rio da vida, carregando nossas esperanças e nossos sonhos.

Photo: Bernadete Piassa -Corumbá

No comments:

Post a Comment