Sunday, June 20, 2010
I Love You, But I Hate You! (Eu te amo, mas eu te odeio!)
I was away from my blog for 13 days. Something very important happened in my life and I didn’t want to write about it. I also didn’t want to write about the fact that I had followed the 1st Brazilian game in the 2010 World Soccer Championship on an American TV channel and was extremely disappointed when Brazil scored and the commentator said “goal” with lower case, no exclamation mark whatsoever, no enthusiasm or excitement. What a lack of passion! My daughter teased me about what I would say in my blog, so I decided that I would rather not write about this at all.
After many days of writers’ block because I was censuring my thoughts, I realized that I really wanted to write about my car. You see, I have a 2001 VW Beetle that I love and hate with all my heart. Every time I think about it, I wonder why we have these emotional relationships, in which opposite sentiments are so deeply entwined.
The other day I was leaving the car and a man asked me what I thought about it since his wife was considering buying one. I said that it broke constantly, there was always something mysterious happening with it that no mechanic could figure out, the parts were very expensive, and it was very unreliable. He asked me for how long I had the car and I said 9 years. “Well,” he said, “you must like the car or you wouldn’t have kept it for so long.” To which I answered: “I love it, I just don’t trust it.”
With my Beetle, it was love at first sight. I never thought I would buy a red car, but once I got it, it never failed to amuse me. I still love to look out of my window and see it there, under the tree, smiling at me with a mischievous air. I love to drive it and feel it flying on the road, smoothly as a Porsche. I love to see people pointing at it and making funny comments. I love the white flowers that adorn the dashboard as a reminder of my hippie days. On the other hand, I hate the fact that it is always breaking and making me look like a fool. When I take it to the mechanic, the car works perfectly well like a kid who does some bad deed in school and once taken to the principal denies any mischief.
Like my car, there are people who I love deeply and sometimes hate with the same passion. I don’t know why, but it seems to me that these are the kind of people most difficult to leave. It is easy to say goodbye to someone who doesn’t touch your soul with intensity, but the ones who take you from one extreme of passion to the other, these are the ones that, for some reason, you can’t forget.
After nine years of a love and hate relationship with my car, I am finally getting ready to let it go. Once more there is a light on the dashboard blinking to let me know that something is wrong. I can’t afford to take it to be fixed and see it break again next month. I decided to get another car and end the uncertainty. However, I know that I will miss it when I look outside and don’t see it anymore. The car took me on many trips to Ithaca and Bethlehem, somehow managing to carry a million things that my daughter and my son needed for college; it went with me to work and listened silently to the books from Isabel Allende and Maya Angelou; it drove me respectfully to my Native American meetings and my Spiritualist meetings; it braved many winter storms parked outside my house without any complaints; it was such a big part of my life that I can’t imagine living without it. But pretty soon we will have to say goodbye. It is time to keep the memories in the place where they belong – in my heart – and have faith in the future.
EU TE AMO, MAS EU TE ODEIO!
Passei 13 dias sem escrever no meu blog. Uma coisa muito importante aconteceu na minha vida e eu não queria escrever a respeito dela. Também não queria escrever sobre o fato de que eu tinha assistido ao primeiro jogo do Brasil na Copa de 2010 num canal de TV americano e ficado extremamente chateada quando o Brasil marcou um gol e o comentarista disse: "gol" com letras minúsculas, sem qualquer ponto de exclamação, sem entusiasmo ou animação. Que falta de paixão! Minha filha riu e me perguntou o que eu diria no meu blog, então decidi que não ia escrever nada sobre aquilo.
Depois de muitos dias de bloqueio criativo, já que eu estava censurando minhas ideias, me dei conta de que realmente queria escrever sobre o meu carro. A verdade é que tenho um Fusca 2001 que amo e odeio com todo meu coração. Toda vez que penso nisso, me pergunto por que temos essas relações tão emocionais, nas quais sentimentos opostos se entrelaçam tão profundamente.
Outro dia estava saindo e um homem me perguntou o que eu achava do meu carro, já que sua esposa estava pensando em comprar um Fusca. Eu disse que ele estragava constantemente, sempre acontecia alguma coisa misteriosa com ele que o mecânico não conseguia descobrir o que era, as peças eram muito caras, e o carro de maneira geral não era muito confiável. O senhor me perguntou quanto tempo eu tinha o Fusca e eu disse nove anos. "Bem", ele disse, "você deve gostar do carro ou não teria ficado com ele por tanto tempo." Eu respondi: "Eu adoro o carro, mas simplesmente não confio ainda."
Com o meu Fusca, foi amor à primeira vista. Nunca pensei que compraria um carro vermelho, mas uma vez que o comprei, nunca deixei de curti-lo. Ainda adoro olhar pela janela e vê-lo debaixo da árvore, sorrindo para mim com um ar travesso. Adoro dirigi-lo e sentir que ele está quase voando na estrada, como se fosse um Porche. Gosto de ver as pessoas apontando para ele e fazendo comentários engraçados. Amo as flores brancas que enfeitam o painel como um lembrete de meus dias de hippie. Por outro lado, odeio o fato de que ele está sempre quebrando e me fazendo parecer uma idiota. Basta eu levá-lo ao mecânico para que ele funcione perfeitamente, como uma criança que faz malcriação na escola e parece um santinho na frente do diretor.
Como meu carro, há pessoas que amo profundamente e às vezes odeio com a mesma paixão. Não sei por que, mas parece que essas pessoas são as mais difíceis de abandonar. É fácil sair de um relacionamento com alguém que não toque nossa alma com intensidade, mas os que nos levam de um extremo de paixão a outro são, por algum motivo, difíceis de esquecer.
Após nove anos de uma história de amor e ódio com o meu carro, estou finalmente me preparando para deixá-lo. Mais uma vez há uma luz no painel piscando para me avisar que algo está errado. Não posso me dar ao luxo de levá-lo para consertar só para ele estragar de novo no mês que vem. Decidi comprar outro carro e acabar com esta ladainha. No entanto, sei que sentirei falta dele quando olhar pela janela e não vê-lo mais. O carro me levou muitas vezes a Ithaca e Bethlehem, de alguma forma sempre conseguindo carregar as milhões de coisas que minha filha e meu filho precisavam para a faculdade, foi para o trabalho comigo ouvindo em silêncio os livros de Isabel Allende e Maya Angelou, me dirigiu com respeito para as minhas reuniões indígenas e os encontros de espiritismo, enfrentou muitas tempestades de inverno estacionado em frente a minha casa sem reclamar. Enfim, foi uma parte tão importante da minha vida que não posso me imaginar vivendo sem ele. Mas em breve nós nos diremos adeus. É hora de guardar as lembranças no lugar onde elas pertencem – no meu coração - e ter fé no futuro.
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Ele parece mesmo bem simpático e sorridente.
ReplyDeleteSerá que ainda vai dar tempo de eu conhecê-lo?
A gente se 'fala" tanto e eu não sabia que você tinha um Beetle! Muito simpático! Faz tempo que eu não tenho um carro que me desperte tanta paixão...
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