One day, before my 40th birthday, my middle daughter asked me: “do you feel younger when you smile?” Last week, my granddaughter asked me: “did you ever think you would be old like you are now?” I guess I didn’t smile enough and old age sneaked up on me when I wasn’t paying attention. I got old. Pretty soon will be my 68th birthday. The signs of age are all here and I am not in denial.
Every day, when I wake up, my body hurts. When I do yoga, I
find it hard to believe how some movements that I could perfectly do ten years
ago are now so hard to master. And it is not only my body that changed. My
memory is not the same. I don’t look forward to going to my annual medical exam
when the doctor says a few words and asks me to remember what they are, at the
end of the appointment. I don’t have a twitter account or follow stuff on
TikTok. I prefer to go out to dinner around 5:30pm when restaurants are not
crowded. Clothes are not so important for me anymore. My friends are the same
from years and years ago. I am not interested in Will Smith’s drama because I
am sure it will be replaced pretty soon with a different one. I have wrinkles.
So what? I treasure silence and don’t like superficiality. Many times, I prefer
my own company than that of others. But I am afraid to voice these thoughts
because people might say: this woman is so depressed. 68 years old is young.
What is she talking about?
This week, I was looking in an old drawer and found a
newspaper article that my mother had sent me when she was in her early 70ths.
It was about old age and encouraged the reader to age with dignity. It talked
about not getting offended if someone younger were to take your place because
old age was a time for acceptance, to recognize that there were other ways to
contribute to society and let the young take the lead. I look around me and see
a few people following this guidance and aging with dignity. I also see many running
against time, trying to pretend they are someone who they are not anymore. They
are dancing with younger folks, drinks in hand, avoiding listening to their
bodies that complain loudly, the same way they never listened to the voices
that told them there are things more important than appearance and that
perhaps, only perhaps, old age could be a time for reflection.
I admire the way my brother-in-law is aging. He goes for
long walks in his neighborhood, slowly and steady, stopping to admire flowers
and birds, or to talk with the people he already knows from these daily walks.
He is more dedicated to his family, became a vegetarian, and meditates about the
meaning of age. He became more Zen, setting aside the rush of the world,
looking for peace. Another friend of mine also prefers to concentrate on a
simple life, enjoying her Japanese garden, always feeling immensely grateful
for all the goodness of her life. They are not apart from the world. They are
just living in contemplation of beauty, in touch with their inner selves.
As we age, I feel that it is possible to find a balance
between living an active life, enjoying yourself after many years of hard work,
and stopping to smell the flowers. There is still lots of things to discover,
many places to travel, subjects to study. But we can also do all of this at a
slow pace, following our own rhythm. Recently, my husband and I spent two weeks
traveling through Portugal. We went to many towns, had wonderful experiences,
and in each place, we took the time to sit at a café, relax, listen to the
conversations around us, or just observe the Portuguese way of life. In Belmonte,
holding hands and strolling on a tranquil street, I said good afternoon to a
very old lady looking at us from the window of her house. She said good
afternoon as well and wished we enjoyed our walk. Later on, we saw some men
playing bocce on the street, as if time didn’t exist. We stopped to enjoy
countless sunsets, had wonderful meals, and, hand in hand, discovered a
beautiful country.
We came back thinking about our next adventure. I would like
to travel to Laos, where the touristic places are not so crowded and where, like
people used to say, you can just sit, relax, and watch the grass grow. I can
leave scuba diving, water kitesurfing and other dangerous sports to my daughters, who
certainly would enjoy these experiences. I already have my colorful Thai hat
that I got in an adventurous trip to Thailand, about 17 years ago. Now, I want
to have meaningful experiences that will touch my soul, preparing me for the
time when I go meet my Creator, like the Native Americans like to say. I ponder
what I will see when I get there and try to prepare myself for that unavoidable
trip. Yes, I am getting old. Hopefully I am getting wiser as well.
AS RUGAS DA VIDA
Belmonte, Portugal
Um dia,
antes do meu aniversário de 40 anos, minha filha do meio me perguntou: “você se
sente mais jovem quando sorri?” Na semana passada, minha neta me perguntou:
“você jamais pensou que seria velha como é agora?” Acho que não sorri o
suficiente e a velhice se aproximou de mim quando eu não estava prestando
atenção. Envelheci. Brevemente farei 68 anos. Os sinais da idade estão todos
aqui e não penso em negá-los.
Todos os
dias, quando acordo, meu corpo dói. Quando pratico ioga, acho difícil acreditar
como alguns movimentos que eu podia fazer perfeitamente há dez anos são agora
tão difíceis de dominar. E não foi só o meu corpo que mudou. Minha memória não
é a mesma. Fico ansiosa só de pensar em ir ao meu clínico geral, para o exame
médico anual, sabendo que ele dirá algumas palavras e me pedirá para lembrar
quais elas eram, ao final da consulta. Eu não tenho uma conta no Twitter ou
sigo coisas no TikTok. Prefiro sair para jantar por volta das 17h30, quando os
restaurantes não estão lotados. Roupas não são mais tão importantes para mim.
Meus amigos são os mesmos de anos e anos atrás. Não estou interessada no drama
de Will Smith porque tenho certeza que será substituído em breve por um
diferente. Eu tenho rugas. E daí? Prezo o silêncio e não gosto de
superficialidade. Muitas vezes, prefiro minha própria companhia do que a dos
outros. Mas tenho medo de expressar esses pensamentos porque as pessoas podem
dizer: essa mulher está tão deprimida. 68 anos é jovem. Do que ela está
falando?
Esta
semana, eu estava remexendo numa gaveta e encontrei um artigo de jornal que
minha mãe me enviou quando ela estava mais ou menos com 70 anos. Era sobre a
velhice e encorajava o leitor a envelhecer com dignidade. Falava sobre não se
ofender se alguém mais jovem tomasse seu lugar porque a velhice era um momento
de aceitação, de reconhecer que havia outras maneiras de contribuir com a
sociedade e deixar os jovens assumirem a liderança. Olho ao meu redor e vejo
algumas pessoas seguindo essa orientação e envelhecendo com integridade. Também
vejo muitas correndo contra o tempo, tentando fingir que são alguém que não são
mais. Vão dançar com os mais novos, com um copo de bebida na mão, evitando
ouvir seus corpos que reclamam alto, da mesma forma que nunca ouviram as vozes
que lhes diziam que há coisas mais importantes que a aparência e que talvez, só
talvez, a velhice possa ser um momento de reflexão.
Admiro a
forma como meu cunhado está envelhecendo. Faz longas caminhadas em seu bairro, devagar
e com firmeza, parando para admirar flores e pássaros, ou para conversar com as
pessoas que já conhece dessas caminhadas diárias. Ele é mais dedicado à
família, virou vegetariano e medita sobre o significado da idade. Tornou-se
mais Zen, deixando de lado a correria do mundo, em busca da paz. Outra amiga
minha também escolheu uma vida simples, curtindo seu jardim japonês, sempre se
sentindo imensamente grata por todas as bençãos de sua vida. Nem meu cunhado
nem minha amiga estão separados do mundo. Estão apenas concentrados em
contemplar a beleza, em contato com seu eu interior.
À medida
que envelhecemos, sinto que é possível encontrar um equilíbrio entre viver uma
vida ativa, divertir-se depois de muitos anos de trabalho duro, e parar para
cheirar as flores. Ainda há muitas coisas para descobrir, muitos lugares para
viajar, assuntos para estudar. Mas também podemos fazer tudo isso sem pressa,
seguindo nosso próprio ritmo. Recentemente, meu marido e eu passamos duas
semanas viajando por Portugal. Fomos a muitas cidades, tivemos experiências
maravilhosas e, em cada lugar, aproveitamos para sentar num café, relaxar,
ouvir as conversas à nossa volta, ou apenas observar o modo de vida português.
Em Belmonte, passeando de mãos dadas por uma rua tranquila, dei boa tarde a uma
senhora bem idosa que nos olhava da janela de sua casa. Ela também disse boa
tarde e desejou que aproveitássemos nossa caminhada. Mais tarde, vimos alguns
homens jogando bocha na rua, como se o tempo não existisse. Paramos para curtir
incontáveis pores-do-sol, fizemos refeições maravilhosas e, de mãos dadas,
descobrimos um belo país.
Voltamos
pensando na nossa próxima aventura. Eu gostaria de viajar para o Laos, onde os
lugares turísticos não são tão cheios e onde, como as pessoas costumavam dizer,
você pode simplesmente sentar, relaxar e ver a grama crescer. Pretendo deixar o
mergulho, o kitesurf aquático e outros esportes mais perigosos para minhas
filhas, que com certeza vão adorar essas experiências. Já tenho o meu chapéu
tailandês colorido que comprei numa viagem de aventura à Tailândia, há cerca de
17 anos. Agora, quero ter experiências significativas que toquem minha alma,
preparando-me para o momento em que encontrarei meu Criador, como os índios americanos
gostam de dizer. Penso no que vou ver quando chegar lá e tento me preparar para
essa viagem inevitável. Sim, estou ficando velha. Só espero que esteja ficando
mais sábia também.