My daughter was telling me of this TV show about hoarders who accumulate so much stuff that they can’t walk in their own house. There are people who save just one type of object, like books, while others can’t throw anything away and end up submerged in the mess they create. The American Journal of Psychiatry says that "Compulsive hoarding is most commonly driven by obsession fears of losing important items that the patient believes will be needed later, distorted beliefs about the importance of possessions, excessive acquisition, and exaggerated emotional attachments to possessions."
The conversation with my daughter about hoarding interested me because my mother-in-law is soon going to a retirement home and my husband and I have to deal with all the stuff she has accumulated over her 94 years. Last week we were helping her sort some of her belongings. She agonized about what to do with each small box, each glass, napkin, table cloth, and so on… The process of reducing an entire house to just a single room seemed very challenging for her and, above all, very emotional.
We, human beings, are strange creatures. We come to this world naked, with nothing and, most of the time, leave it with our clothes on. We know that this is what will happen but the knowledge doesn’t prevent us from accumulating things or from thinking that everything we have can’t be disposed of. We gather stuff and stow it in every possible corner, pack it in drawers, pile it on shelves, and hide it in basements, because we can’t stand the idea of parting with anything. We accumulate so much that, when the time comes for us to be confronted with our mortality, we are at a loss to figure out what really matters and what doesn’t.
It seems that we like to accumulate not only “things” but also years. If someone gets to be 100 years old we celebrate the accomplishment. The pharmaceutical companies work non-stop to find medications to make us live longer. But does anyone really want to live until 100 if it can't be done independently? Reaching 100, and being confined to a room and a bed, does not seem very appealing.
I think we should concentrate on living fewer years and focus on making the most of the years we live. Why waste time accumulating objects that we can’t take with us instead of building memories that will always belong in our hearts? Why wait to travel to that wonderful city at the top of a hill when we are so old and frail that we can’t climb the steps that take us there anymore? We spend our days burdening ourselves with the things we collect, the guilt we carry, and the regrets for the dreams we fail to accomplish. We forget that, in the end, what we remember will be the laughter, the good moments, the gentleness, the beauty, the friendship and, above all, the love.
O QUE LEVAMOS CONOSCO
Minha filha estava me falando sobre um programa na televisão a respeito dessas pessoas que acumulam tanta coisa que nem podem mais andar em sua própria casa. Tem gente que guarda apenas um tipo de objeto, como livros, enquanto outras não podem jogar nada fora e acabam submersas na bagunça que criam. O American Journal of Psychiatry diz que "armazenamento compulsivo é mais comumente ocasionado por medos obsessivos de perder coisas importantes que o paciente acha que serão necessárias mais tarde, crenças distorcidas sobre a importância de bens, aquisição excessiva e ligações emocionais exageradas com bens materiais."
A conversa com minha filha sobre acumular coisas me interessou porque a minha sogra vai se mudar em breve para uma casa de repouso e meu marido e eu estamos separando as coisas que ela acumulou nos seus 94 anos de vida. Na semana passada, fomos ajudá-la nessa tarefa. Ela levou horas para decidir o que faria com cada caixinha, cada copo, guardanapo, toalha de mesa, e assim por diante ... Ter de pensar em cada objeto da casa e tentar imaginar se caberá num quarto apenas está sendo muito difícil para ela e, acima de tudo, um processo muito emocional.
Nós, seres humanos, somos criaturas estranhas. Chegamos neste mundo nus, sem nada. Na maioria das vezes, o deixamos apenas com a roupa do corpo. Sabemos que será assim, mas esse conhecimento não nos impede de acumular coisas ou de pensar que nada nosso pode ser jogado fora. Guardamos coisas em todos os cantos possíveis, em gavetas, prateleiras, porões, porque não podemos suportar a ideia de nos separarmos delas. Acumulamos tanto que, quando chega a hora de sermos confrontados com a nossa mortalidade, ficamos perdidos tentando descobrir o que realmente tem importância.
Parece que gostamos de acumular não só "coisas", mas também anos. Se alguém completa 100 anos, comemoramos a data. As empresas farmacêuticas trabalham sem parar pesquisando remédios para prolongar nossa vida. Mas será que realmente queremos viver até os 100 anos, se precisarmos depender de alguém para nos ajudar com tudo? Chegar aos 100 confinado num quarto com uma cama não parece muito interessante.
Às vezes acho que devemos nos concentrar em viver menos tempo, mas aproveitar ao máximo nossos anos de vida. Por que desperdiçar nosso tempo juntando objetos que não podemos levar conosco, em vez de acumular lembranças que estarão sempre em nossos corações? Por que esperar para conhecer aquela cidade maravilhosa no topo de uma colina quando estivermos tão velhos e frágeis que nem conseguimos mais subir os degraus que levam a ela? Passamos nossos dias sobrecarregando-nos com coisas que guardamos, culpas que carregamos, tristeza pelos sonhos que não realizamos. Nos esquecemos de que, no final, o que levaremos será apenas a lembrança das risadas, dos bons momentos, da delicadeza, da beleza, da amizade e, acima de tudo, do amor que vivemos.